terça-feira, 27 de abril de 2010

Reflexão sobre a minha aldeia

foto de Pedro Cruz
Quem conheça, minimamente que seja, a história da Cova-Gala, sabe que sempre foi uma aldeia pobre e periférica. A vida local, virada para o mar e para a América (eram até há poucos anos atrás, as nossas grandes aventuras), o que ficou a dever-se, apenas, à insustentabilidade de cá viver.
Foi assim que, desde os finais do século IXX, nos atirámos para a diáspora, que continua ainda hoje, embora agora para destinos mais diversificados, mas que continua a levar os melhores para longe.
A falta de capacidade da aldeia em gerar riqueza e bem-estar, tem obrigado os covagalenses a deixar o torrão natal em busca do pão noutras paragens – no país e no estrangeiro.
Qual maldição, persegue-nos a incapacidade local, para construir uma sociedade desenvolvida e evoluída, seja a que nível for - cultural, social e económico.
A acção dos políticos locais, nos últimos 20 anos, teve em vista – e conseguiu - manter o status quo duma sociedade amorfa, descrente, pouco exigente, controlada em rédea curta, por via de uma política de várias dependências.
Atente-se, por exemplo, na política que a junta local entendeu praticar nas duas mais antigas colectividades da aldeia, nos últimos 5 anos, para melhor se entender a dependência em que caiu toda a vida destas colectividades. Compreender-se-á, assim, com facilidade, a profunda crise em que está mergulhado todo o associativismo da paróquia.
Levou-se a cabo uma política de atribuição de subsídios, sem critério, a colectividades que apenas praticavam as modalidades de bar aberto, mas concessionado, para proporcionar a prática da sueca, mas do voto garantido pelo medo de que outros possam discordar de tal caridade e de tal desperdício de dinheiros públicos.
Tal prática, consumou na minha aldeia, uma franja da sociedade de alguns favorecidos, a par de uma outra, de desfavorecidos.
Ser cacique, como alguém me disse um dia destes numa conversa de café, dá muito trabalho. Mas, só assim se mantêm a rédea curta e se assegura a inércia que não permite a mudança do sistema de funcionamento da vida na minha aldeia.
Pelo actual rumo, está garantida a pobreza de espírito e a humilhação de não podermos ser donos de nós próprios. Muito menos, do futuro da aldeia.

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