De acordo com o Diário de Notícias, “Pedro Santana Lopes admite que pode haver dois candidatos da direita à primeira volta das presidenciais de janeiro de 2016 e não exclui avançar mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa o faça.”
Há uma terrível tentação, em política e na nossa política, de ver as coisas não como elas realmente são, mas como gostávamos que elas viessem a ocorrer.
Em Santana há muito que isso já não é novidade.
Mais uma vez, o debate sobre o escrutínio presidencial foi lançado por ele nas hostes sociais-democratas. Sem que (tal como tinha acontecido com Durão Barroso em 2003), Passos Coelho, o presidente do partido se ter pronunciado sobre o assunto.
Agora, devem suceder-se as proclamações de apoio ao auto proclamado pré-candidato Santana na corrida a Belém.
Em 2003, então com 47 anos de idade, Santana Lopes corporizava, à direita, o ideal de uma nova geração.
Em 2015, com 58 ou 59, Santana Lopes continua a apresentar-se como alguém que dá uma ênfase especial ao lado emocional da política, muito para além do entendimento politicamente correcto do cargo de Presidente da República como mero garante do funcionamento regular das instituições.
Mas a vida, mais uma vez, não está fácil para Santana: as sondagens não são famosas e Marcelo dará seguramente um bom cabeça de lista da família politica da direita...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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