quinta-feira, 23 de julho de 2015

Onde ficou o respeito pela história da Cova e Gala e pela memória da homenagem aos pescadores da faina maior?..

Sexta-feira, 10 de julho de 2009. Nesse dia, pelas 16 horas, no Clube Mocidade Covense, com a abertura da Exposição alusiva à pesca do Bacalhau, teve início a homenagem aos marítimos covagalenses promovida pela Junta de Freguesia de São Pedro.
Igualmente nesse dia, em continuação do programa, decorreu na mesma Colectividade, uma palestra sobre a temática da pesca do bacalhau, proferida pelo dr. Alfredo Pinheiro Marques, Director do Centro de Estudos do Mar.
No dia seguinte, sábado, também no Clube Mocidade Covense, prosseguiu a Exposição e houve passagem de filmes.
Finalmente, no domingo, dia 12, o evento teve o seu último dia, com o seguinte programa: Missa na Capela de São Pedro, pelas 11 horas, por alma dos marítimos covagaleneses já falecidos. Seguiu-se a inauguração do monumento do pescador do bacalhau, na rotunda da entrada norte da freguesia e um almoço volante, aberto a toda a população, no Largo da Borda do Rio.
Foi este o programa. 10, 11 e 12 de Julho de 2009, foram os dias, o mês e o ano escolhidos pela Junta de freguesia de São Pedro para a realização da homenagem aos marítimos covagalenses.
Sou filho, neto e bisneto de pescadores - alguns do bacalhau. Sei o que foi a pesca do bacalhau: uma autêntica escravatura. 
"Maus tratos, má comida, má dormida... Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes". 
A iniciativa não corrigiu a injustiça. Mas fez-se uma coisa bela e digna na Aldeia. Portanto, o mínimo que se esperava era que o monumento a  recordar estes heróis fosse preservado e alvo de respeito por quem de direito.
Foi o que não aconteceu.

Em tempo.
Como demonstrei aqui, em 7 de Dezembro de 2009, a Vila de S. Pedro não existe.
A Vila de São Pedro, criada em 5 de Junho de 2009, é a “a povoação de São Pedro ( uma coisa que não existe!..), no concelho da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, elevada à categoria de Vila”
Se duvidam disto, leiam o Diário da República nº. 150, 1ª. Série, Lei nº. 58/2009. 
O projecto de lei que foi aparente e alegadamente redigido, e seguramente assinado, pelo então deputado Miguel Almeida, foi um oportunismo político.
Faltavam 6 meses para eleições legislativas e estavam a começar por aquela altura as jogadas e as influências para a constituição das listas de candidatos a deputados. Era necessário para o então senhor deputado Miguel Almeida mostrar serviço – fosse o que fosse - para ver se conseguia um lugarzito nas listas.
Compreende-se – a vida custa a todos -  mas não pode ficar sem registo a demagogia e o provincianismo ridículo da iniciativa.
A freguesia de S. Pedro faz parte da cidade e da malha urbana da cidade da Figueira da Foz
Da cidade da Figueira da Foz fazem igualmente parte as freguesias de Buarcos, de S. Julião, de Tavarede. Tal qual como a cidade de Lisboa contem as freguesias da Madragoa, de Alvalade ou de Belém.
Alguém está a ver o presidente da freguesia de Belém a reivindicar que Belém passasse a ser vila, porque está nela a Torre, o museu dos coches ou a pastelaria dos pastéis de Belém. Ou até, porque, vejam lá, tem Presidente da República?..
Recorde-se: a freguesia de S. Pedro passou a vila, porque tem uma pizzaria, uma farmácia, não sei quantas cabeleireiras, uns tantos restaurantes, porto de pesca, boas praias, zona industrial, Hospital...
E se alguém se lembrasse de propor a despromoção da cidade da Figueira?
Acham utópico?...  
Não tem Hospital, está  à beira mar, mas não tem porto de pesca,  nem tem indústria, tem areal, mas não tem praia...
Passados todos estes anos, a  única consequência que  resultou para S. Pedro com a condecoração de vila, foi  o enorme gozo que o então presidente da junta certamente teve ao inaugurar a rotunda “Vila de S. Pedro” num sítio um tanto ou quanto fora dos circuitos rodoviários mais intensos da freguesia.
Palavra que estava a esperar que à entrada da freguesia de S. Pedro, ali logo à saída da ponte dos arcos, houvesse algo  a indicar que estávamos na  “Vila de S. Pedro”.
Tardou. Mas, como sei do que a casa gasta sabia que não falhariam. E não falharam.

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