terça-feira, 19 de abril de 2016

Silêncio inocente?..

foto António Agostinho
Pagar impostos, mais do que uma obrigação que decorre de uma atitude e de uma obrigação eticamente fundamentada, em especial no caso de quem trabalha por conta própria, é um garrote que o Estado nos aperta sem dó nem piedade.
Por isso, o mínimo, era que houvesse por parte do recebedor dos impostos, o Estado, um comportamento idêntico, sem o qual, a obrigação que sobre nós recai deixa de ter sentido.

Este Estado não é uma pessoa de bem.
No segredo dos gabinetes, pela sorrelfa, acabou de roubar à minha Aldeia algo que nem o fascismo nos negou: o direito à saúde.
Até este momento, este blogue foi o único espaço público, onde esta situação foi denuncida.
Políticos e órgãos de informação, mesmo aqueles que andaram 15 dias a promover não sei o quê da Aldeia, porque não ouvi, sobre o assunto do encerramento do Posto Médico da Cova e Gala - nada, rien de nada...
Entretanto, a decisão já está tomada: a partir de 2 de maio próximo, doentes covagalenses se querem médico vão a Lavos. Inventem é formas de lá conseguirem chegar...

Alguém consegue saber algo  sobre a forma como foi conduzido o processo de encerramento do Posto Médico da Cova e Gala?..
Alguém acredita que esse processo passou ao lado da política e dos políticos?
Neste momento, em cima da mesa, está o impacto do fecho do Posto Médico da Cova e Gala  no acesso da população da Aldeia a cuidados de saúde.
Não me peçam, portanto, que aborde este assunto sem indignação e sem paixão.
Neste momento, o mínimo a exigir aos políticos, é que se informem e nos informem, sobre o processo e exijam a sua suspensão. 

A primeira preocupação, tem a ver com a necessidade de garantir o não encerramento do Posto Médico da Aldeia, pois o que está em causa é que a população da freguesia não venha a perder cuidados de proximidade.
Senhores burocratas, não podem esquecer que a Aldeia tem uma população envelhecida e a cultura de relacionamento com o povo e de espírito de serviço público que o Posto Médico da Aldeia cultivou ao longo de largas dezenas de anos. 

Depois, temos outro problema enorme: as acessibilidades ao novo Centro de Saúde de Lavos.
Como é que os idosos da Aldeia lá vão chegar?
Em transporte individual, que a maioria não tem!.. Em transporte colectivo, que não existe!.. De táxi, para o qual a maioria não tem dinheiro!.. A pé, de bicicleta, de carro de bois, de carroça?..
Alguém pensou neste pormenor?

Qual é, afinal, a estratégia para a saúde das pessoas que moram nesta outra margem?
O erro foi cometido lá atrás... 
Antes de terem deitado a primeira pedra  do Centro de Saúde de Lavos os políticos concelhios deveriam ter olhado para o resto da população da margem esquerda do Mondego. 
E onde é que estiveram os políticos da Aldeia? Na Aldeia do pai natal?..
Há outros pormenores, porém, a ter em conta.
Se todos concordam que os edifícios, dos antigos Postos Médicos,  têm grande valor patrimonial, qual o destino a dar aos equipamentos e à verba que vier a ser obtida com a sua putativa venda?

Pela maneira como fui tratado, em todo este processo, que conduziu a este infeliz e dramático desfecho, como covagalense, tenho direito à indignação, que vou continuar a exercer com tristeza, mas com o sentimento do cumprimento de um dever cívico e moral...
Mostrar sensibilidade, é uma obrigação. Ser solidário um dever. 
Ainda há gente que se julga acima dessas formas de sentir e remete tudo para a competitividade, como se a igualdade à partida não fosse uma falácia...
A esses cegos, ou oportunistas, sugiro que, de vez em quando, entreabram o olhinho...

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