Na Figueira quase toda a gente tem medo de assumir a sua opinião.
Contudo, numa cidade democrática, ter e dar opinião deveria ser a coisa mais banal.
Quem não assume dar opinião, desconhece que uma opinião é isso mesmo: uma opinião.
Numa cidade democrática, a convivência saudável permitiria, exactamente, que se exprimissem livremente diferentes gostos, opiniões e pontos de vista.
Numa cidade democrática, isso seria naturalmente aceite como fazendo parte das liberdades e direitos de cada um de nós.
Contudo, na Figueira, desde que me lembro, o poder sempre lidou mal com a opinião livre...
Na Figueira, sempre me preocupou a falta de opinião informada.
As pessoas desconhecem e, mais que isso, não querem saber de factos que acontecem na política local e são fundamentais para as suas vidas.
Este desconhecimento irrita-me...
Numa cidade que ser quer moderna, a divergência de opinião entre pessoas nunca deveria ser motivo de preocupação.
A diversidade é fecunda e criadora.
Preocupante, é o menor respeito que o poder sempre demonstrou pela opinião discordante.
O pensamento único, sempre limitou e estreitou as soluções para os problemas que a Figueira precisa de resolver...
Mas, isso, interessa a alguns...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário