"Desenvestimento no comboio", por Rui Curado da Silva:
"... A nossa rede ferroviária oferece poucas alternativas viáveis à Linha do Norte, que se tornaram ainda mais limitadas após o encerramento da linha Figueira-Pampilhosa.
Uma das alternativas possíveis a alguma circulação ferroviária afetada pelo recente acidente do comboio de mercadorias, poderia ter passado justamente pela linha Pampilhosa - Figueira através da ligação à linha do Oeste ou à Linha do Norte em Alfarelos.
Poderia, mas não pode, está fechada.
A ausência de uma estratégia regional de transportes só contribui para piorar este cenário.
Apesar das boas intenções da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra ao defender a reabertura da linha entre Pampilhosa e Figueira, os respetivos autarcas pouco têm feito para fomentar os transportes públicos nas respetivas cidades, entre as cidades do próprio distrito e entre o distrito de Coimbra e Lisboa. Já aqui repeti como o absurdo dos horários matinais tardios dos comboios que nos ligam à capital parecem não incomodar os executivos locais.
Como confiar na real convicção dos atuais autarcas locais para mudar este cenário?"
Nota de rodapé.
Ramal da Figueira da Foz - um pouco de história.
O Ramal da Figueira da Foz (ex-Linha da Beira Alta até Junho de 1992) é uma linha ferroviária que ligava a Figueira da Foz à Pampilhosa.
Entrou ao serviço em 01 de Julho de 1882 (inauguração oficial a 03 de Agosto de 1882) e foi até 1946 propriedade da "Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta".
Desde 05 de Janeiro de 2009, que a circulação ferroviária se encontra suspensa, com excepção do troço compreendido entre o Ramal da Valouro e a estação da Pampilhosa.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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