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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

No PS, os esquerdistas acabam sempre no centro

Via Jornal Público

«Cara leitora, caro leitor:

Não me entusiasma minimamente esta discussão sobre o "centrismo" que anima por estes dias o PS. É o problema de já não ter 40 anos: já vi quase todos os protagonistas em todo o lado.

Quando eu era miúda, Jorge Sampaio era da esquerda do partido contra António Guterres, um espécime mais à direita. Embora, anos antes, os dois representassem – com Vítor Constâncio – uma ala mais à esquerda do que Mário Soares. Tanto foi assim que Luísa Melo, então mulher de António Guterres, apoiou a candidatura presidencial de Salgado Zenha contra Mário Soares, na época da ala direita. Guterres tinha que apoiar Soares por razões políticas, mas era, tal como a mulher, um fidelíssimo de Zenha.

Quando Mário Soares abandonou o partido havia um candidato da ala direita – Jaime Gama – que perdeu para os dois primeiros da "ala esquerda": Vítor Constâncio e Jorge Sampaio.

Quando foi o confronto Sampaio-Guterres, já Guterres era da ala direita, tendo ir buscar ao velho gamismo Armando Vara. Na sua equipa, tinha dois jovens considerados prodígios, António José Seguro e José Sócrates.

Na campanha de Jorge Sampaio ficou um seu delfim, o jovem António Costa – que tinha feito o estágio de advocacia no escritório que Sampaio partilhava com o seu tio. Havia mais "esquerdistas" com Sampaio: Alberto Martins, João Cravinho, Vera Jardim e Ferro Rodrigues.

Costa foi depois ministro de Guterres e, após o PS ganhar as eleições, acabou, nas reuniões do Conselho de Ministros, a fazer uma dupla de ministros azougados com o ainda jovem Sócrates, que vinha da ala direita. Os dois irritavam-se muito, contava-se na época, com a dificuldade de Guterres em decidir.

Quando Guterres se demite é preciso arranjar um candidato muito depressa. A coisa foi decidida em "petit comité". Era para ser o centrista Jaime Gama, a avançar, mas depois recua, e acaba a candidatar-se o esquerdista Ferro Rodrigues, que junta na sua direcção a esquerdista Ana Gomes, o esquerdista Paulo Pedroso, o jovem esquerdista (hoje eventualmente centrista) Pedro Adão e Silva.

Ferro Rodrigues viria a ser em 2015 o primeiro símbolo da geringonça – a maioria de esquerda do Parlamento elegeu-o seu presidente. Sem tomar posição nesta disputa interna, Ferro hoje está cheio de dúvidas sobre a solução da geringonça. "Quando hoje se põe dentro do PS como bandeira o ressuscitar dessa experiência, é conveniente que quem a queira ressuscitar faça um balanço da parte positiva e da parte negativa", disse esta semana ao Observador.

Voltando ao passado: quando Sócrates decide avançar em 2005, Costa apoia-o. É célebre o encontro em que Costa combinou com Sócrates que a sua geração não haveria de repetir a guerra fratricida entre Sampaio e Guterres em 1992. Manuel Alegre avançou contra Sócrates, representando a ala esquerda – um dos apoiantes de Alegre chamava-se Augusto Santos Silva, hoje um "centrista" que apoia José Luís Carneiro.

Quando o reinado de Sócrates chega ao fim, confrontam-se Francisco Assis e António José Seguro. Assis era um centrista que foi apoiado por quase todos os notáveis que tinham estado com Sócrates, incluindo o outrora esquerdista António Costa.

António José Seguro, que era da ala direita no tempo Guterres/Sampaio, passaria em 2011 para a ala esquerda contra o centrista Assis. Seguro tinha o apoio das federações exaustas com o socratismo e do dirigente federativo Pedro Nuno Santos (na época não tão notável assim), do notável esquerdista de sempre Alberto Martins e de um dirigente, então presidente da Câmara de Baião, chamado José Luís Carneiro. Em 2011, Pedro Nuno e Carneiro estavam os dois juntos na ala segurista.

Só que então aparece um esquerdista, António Costa, que já o tinha sido (com Sampaio), deixado de ser (apoiando Sócrates e Assis) e voltado a assumir o "esquerdismo" quando decidiu candidatar-se contra António José Seguro, transformado subitamente no "direitista" do PS – por ter aprovado o Tratado Orçamental, por exemplo.

Na entrevista que deu ao PÚBLICO, José Luís Carneiro diz que "a marca" de Pedro Nuno Santos "é o enclausuramento à esquerda". Enquanto isto, Pedro Nuno Santos – o negociador da geringonça – anda a esforçar por ser o mais branco possível sobre as suas relações com os partidos à esquerda. E se, enquanto comentador, defendia que o excedente orçamental servisse para pagar a médicos e professores, mal apresentou a candidatura deixou de explorar o assunto.

Pedro Nuno entrou no Largo do Rato para anunciar a candidatura de mão dada com Francisco Assis – que esteve contra a geringonça – e fez ontem um "número de campanha" a almoçar no Hospital de Santa Maria, alegadamente para debater propostas para a saúde com o presidente da SEDES, Álvaro Beleza, que esteve na direcção de António José Seguro. A SEDES é um think tank que defende propostas essencialmente de direita.

O problema é que tudo isto é fado. E o fado chama-se pertença à União Europeia, onde, como dizia há pouco tempo a constitucionalista Teresa Violante ao PÚBLICO, o eleitorado está condenado a escolher entre "um programa coca-cola e um programa pepsi-cola".

Alguém está a ver o PS, seja dirigido por Pedro Nuno Santos ou por José Luís Carneiro, a não cumprir qualquer compromisso europeu? A Europa só aceita políticas centristas (viu-se com o Syriza no poder na Grécia). Achar que vem aí a revolução com Pedro Nuno Santos é um argumento para "épater les bourgeois". Simplesmente, a revolução é impossível e o "esquerdista" acabará centrista como todos os membros da ala esquerda que o precederam.»

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Francisco Assis, o candidato de Seguro...

daqui
Defensor de blocos centrais, hábil em despistar-se com Clios,  um discípulo de Blair e outros cangalheiros da social-democracia europeia na economia.
Francisco Assis está para a esquerda como Paulo Fonseca para os adversários do FC Porto: é um abono de família...