António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
A praga das obras mal feitas
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
A praga das obras mal feitas... (II)
Ele há males que vêm por bem e bens que vêm por mal. Um destes, é a possibilidade da escolha. A possibilidade de escolha devia levar a que as pessoas se tornam-se cada vez mais informadas, esquisitas, picuinhas e exigentes... Devia ser assim. Contudo, assim continua a não ser...
E as reuniões à porta fechada dão tanto jeito para assim continuar a acontecer...
terça-feira, 4 de outubro de 2016
O espelho de água junto ao Forte de Santa Catarina...
Para ver melhor, clicar nas imagens |
Decorria o mês de agosto de 2013, véspera de eleições autárquicas, e João Ataíde era um autarca orgulhoso com a inauguração das obras da zona envolvente do Forte de Santa Catarina.
Passados pouco mais de 5 meses, em Dezembro do mesmo ano, o presidente da Câmara da Figueira da Foz incumbiu os serviços das Obras Municipais da elaboração de um relatório sobre o lago do Forte de Santana Catarina.
O documento, explicou João Ataíde, pretendia indagar sobre as “fugas de água, se havia erro de projecto ou se havia que imputar responsabilidades ao construtor”.
Esta obra, recorde-se, teve de ser intervencionada em 2014, para rebaixar o piso, “dois ou três centímetros”, na zona mais alta, para, segundo o vereador Carlos Monteiro, “evitar o desperdício de água com a ondulação”!..
Ainda estou para saber, é se essa intervenção conseguiu resolver o problema da "evaporação, outra das razões apontadas pela edilidade para o elevado consumo de água que se regista no lago!.."
Posso estar enganado, mas pelas fotos de ontem, será que vão novamente fazer obras no espelho de água?..
Se assim acontecer, oxalá que, finalmente, consigam reparar a fuga, para “evitar o desperdício de água com a ondulação” e a "evaporação"!..
Houve tempos, também na Figueira, em que as entidades públicas, através de pequenas, mas insubstituíveis obras, mostravam que se preocupavam com os seus habitantes.
Hoje, no tempo das obras do regime, tudo é faraónico, tudo é feito para dar no olho e vai-se perdendo a noção daquilo que é realmente necessário.
São opções de quem foi escolhido pela maioria dos poucos figueirenses que ainda votam, mas, a meu ver, não é este o caminho para se viver melhor cá pela santa terrinha.
Mas, a maioria dos figueirenses é que sabe...
Por mim, limito-me a solicitar que, ao menos, a praga das obras mal feitas, não seja um obstáculo para “devolver à Figueira a excelência de outros tempos”, na perspectiva de João Ataíde que é quem manda e pode.
E quem pode, pode!
sábado, 4 de janeiro de 2014
A praga das obras mal feitas... (III)
foto o sítio dos desenhos |
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Autárquicas de 2021 na Figueira: o que está verdadeiramente em causa?..
As eleições autárquicas, deveriam ser a base a partir da qual se constrói uma democracia evoluída.
Os autarcas que estão no exercício do poder local - na Câmara, na assembleia municipal, nas juntas e assembleias de freguesia, deveriam estar na perspectiva de prestação de serviço público e de aproximação das pessoas do poder.
A necessidade da participação de todos na gestão da cidade e na defesa do bem comum, não pode ser apenas uma manifestação de vontade em períodos de campanha eleitoral, mas a normalidade na gestão de um concelho governado em democracia.
Todavia, essa postura dos políticos do quero, posso e mando, tem custos para a saúde da democracia e na gestão duma cidade e dum concelho.
Esta dinâmica de atraso democrático na gestão da Figueira, ao longo de décadas, está a conduzir-nos para uma morte lenta: nos últimos 10 anos, a Figueira, um concelho do litoral, perdeu mais de 5 000 habitantes!
Alguém acredita que uma cidade e um concelho, sem garantia de emprego de qualidade, sem economia, sem vida, tem poder para atrair as novas gerações?
A nossa linda e querida Figueira, é uma cidade em processo de despovoamento e sem dinâmica, o que deveria ser factor preocupante para qualquer político que queira ascender ao poder para dar a volta a isto.
Há mais de 4 décadas, lembro-me bem, a baixa da Figueira, agora uma zona da cidade que está a morrer um pouco todos os dias, fervilhava de pessoas, de comércio e de serviços.
O Mercado Municipal, tinha uma vida animada e pujante. A Praia da Sardinha, frente ao Jardim Municipal, na beira rio, era uma animação. A chamada Praça Velha era o centro da cidade. Toda a zona ribeirinha entre o Mercado e a estação do caminho de ferro tinha gente, comércio, serviços e vida.
A Figueira mudou. Se calhar não era evitável.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Santana: cerca de 6 meses depois do regresso...
- tarefa difícil?
- tarefa possível?
- tarefa maior?
- depois de tudo, em 2022, a Figueira ainda está cá e tem hipóteses?
"O resto é a vida, cair e levantar. É essa a mensagem, há que ter esperança e ter força e se Deus proteger" e acreditar que todos, mesmo aqueles em dificuldade, "podem reerguer-se".
quinta-feira, 17 de março de 2022
O passado, a "intectualidade" actual, Santana e a oposição (PS + PSD): no fundo a política e o futuro da Figueira
A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia em Fevereiro de 2022
«Reinava D. Luis. Vivia-se numa Monarquia Constitucional. Assistia-se ao recrudescimento das lutas políticas. Os dois grandes partidos eram o Progressista e o Regenerador.
Um acontecimento cívico, a comemoração do centenário de Camões (1880), foi como que um despertar para novos caminhos. O País iniciava o caminho para estar com a Europa evoluída. Os ideais republicanos começavam a ser reconhecidos publicamente.
Na Figueira existia uma consciência política. A verdadeira lição dos factos, a que ficou para a história, é de que foi benéfica para a comunidade a rivalidade dos partidos Progressista e Regenerador. Todos, no fundo, pretendiam alcançar objectivos que servissem a Figueira e os Figueirenses.
Naquele tempo, escreveu Carlos Faria, "cada Filarmónica, cada coisa, cada pessoa e cada associação pertence a um partido politico: ou Progressista ou Regenerador. A terra ganha com isso, faz obras, e obras grandes".»
Em 26 de Setembro de 2021 a maioria dos cidadãos figueirenses estava farta do presidente de câmara e queria a sua substituição. Foi o que aconteceu.
Veio Santana. Pensou-se que o cenário iria melhorar.
Embora me engane algumas vezes, o que é uma vantagem que só os pessimistas conhecem, tem sido normal piorar, quando se muda de políticos na Figueira.
Até ver, na minha opinião, não foi isso que aconteceu. Contudo, a procissão ainda vai no adro.
No passado dia 4 do corrente o Diário as Beiras publicou uma entrevista com Santana Lopes. O ambiente, na Figueira política, azedou e ficou estranho. Momentos houve em que pareceu estarmos à beira de uma borrasca.
A Figueira política, além de estranha, ficou irrequieta, tensa e quezilenta. Notou-se amargura, frustração, azedume e irritação. Houve excesso. Sobretudo, de palavras.
Porquê? E para quê? Qual é o objectivo? Desviar atenções? Criar mais agitações?
Alguém conseguiu perceber? No momento em que estou a escrever esta crónica (10/2/2022) a confusão continua instalada em vários lados.
A Figueira está estranha. À beira de uma borrasca? Ou isto é, apenas, "uma nuvem passageira"?
O povo é sereno. Pode ter sido só "fumaça"...
Na Figueira, neste momento, existem problemas sobre a própria natureza da política e do seu exercício. Há muita coisa mal resolvida. O problema é que nunca se começa de novo - há sempre um rasto de problemas do passado a colar-se como uma maldição.
Será, citando Santana Lopes, que "isso tem a ver com o nível das pessoas"? Será, continuando a citar Santana Lopes, "porque ainda não digeriram a derrota"? Ou será "porque Santana não está a fazer aquilo que eles queriam que fosse feito"?
Carlos Monteiro já esqueceu a primeira reacção de incredulidade perante a derrota.
Essa reacção começou por ter a sua graça. Assumiu a derrota nas eleições, atribuindo-a ao "fenómeno" Santana Lopes", com uma tirada de "Lapalisse": "temos aqui um resultado em que o fenómeno de Santana Lopes existiu e o fenómeno de Carlos Monteiro não existiu", disse o candidato do PS, ao final da noite de 26 de Setembro.
A evidência foi tão grande e tão evidente, que a explicação se tornou ridícula. O PS ganhou 11 em 14 juntas de freguesia do concelho da Figueira da Foz. Tem "maioria" na Assembleia Municipal. Perde a Câmara Municipal que liderou apenas 2 anos, embora fazendo parte do executivo PS durante 12 anos.
Com este resultado atípico, a derrota foi de quem?
Dele - Carlos Monteiro, como ele próprio admitiu.
Em circunstâncias normais, assumiria a responsabilidade da derrota, respeitaria a decisão dos eleitores, continuaria a trabalhar em prol da Figueira, mas tiraria as consequências e iria à sua vida.
Contudo, os que se habituaram a viver da política, primeiro, embora com dificuldades, digerem, depois, como mais pastilha, menos pastilha rennie (o alívio é rápido e eficaz), habituam-se e não "emigram".
Agarram-se ao que podem e ficam "em casa" a cuidar do seu futuro.
Isso, no futuro, vai fortalecer Santana Lopes. Ele sabe que assim será, melhor que ninguém. E agradece.
A "intelectualidade" figueirense não gosta de Pedro Santana Lopes. Considera-o um demagogo populista e volúvel. A "intelectualidade" local abespinha-se com Santana, como se a sua existência fosse um vazio cultural (aflige-a que Santana Lopes troque os títulos dos livros e o nome das peças musicais, o seu passado de homem do futebol, a sua herança de sedutor com um rasto de hipotéticos corações destroçados).
Porém, o concelho real também não gosta da "intelectualidade" local. Considera-a presunçosa e vaidosa, com o seu ar superior, as suas indignações, a sede de atenção e de prestígio.
A opinião "esclarecida" da "intelectualidade" local quer defender o povo figueirense das "garras" dos santanistas figueirenses. Porém, foi o povo figueirense que deu o poder a Santana na Câmara da Figueira.
E Santana sabe isso. Melhor do que ninguém.
Continuamos a assistir a "tiros nos pés" da oposição PSD, tal como aconteceu na campanha para as autárquicas de setembro p.p.
O que é um disparate e uma vantagem para Santana.
E Santana sabe. Melhor do que ninguém.
Há problemas sérios na Figueira a resolver. Santana sabe. A opinião "esclarecida", a "intelectualidade", a oposição (PS + PSD) também devem saber.
Santana sabe. Melhor do que ninguém. Convém não menosprezar, nem duvidar, da capacidade do exorcismo do diabrete.
"Um político necessita de ter a capacidade para prever o que vai acontecer amanhã, na próxima semana, no próximo mês e no próximo ano. E de ter a capacidade para explicar depois porque nada disso aconteceu." (Winston Churchill).
Em 1880, Progressistas e Regeneradores, pretendiam alcançar objectivos que servissem a Figueira e os Figueirenses.
Será que hoje podemos acreditar no mesmo?
O rigor e a exigência, não interessam. O que é importante, são as coisas feitas à pressa, em cima do joelho, e sem nexo.
Isto, tem a ver com o absoluto amadorismo em que se fundamenta, em 2022, muita da politiquice figueirinhas, em o que conta é a fachada, a agenda do momento, pouco ou nada interessando o contexto e a estratégia para o que tem que ser feito e é importante para o futuro da Figueira e dos Figueirenses.
No fundo, o que está em causa é o nosso futuro...