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domingo, 13 de fevereiro de 2022

O areal urbano da Figueira é um problema. Mas, não teria de ser forçosamente assim...

A Praia da Claridade celebrizou-se no século XIX. Na altura, atraía à Figueira da Foz milhares de banhistas de todo o país. 
A zona onde se localiza ficou conhecida por Costa de Prata, graças ao tom prateado da luz do sol em contacto com a água do mar
Foi talvez a praia que mais sofreu com as intervenções realizadas ao longo dos anos. Hoje, a praia tem cerca de 1 km de largura frente ao Grande Hotel. 
Depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores.
Em 1998, quando Santana Lopes chegou à presidência da Câmara da Figueira da Foz, uma das primeiras medidas que decidiu tomar foi preparar "uma campanha de Verão muito forte", com o objectivo de voltar a dar à cidade um novo fôlego turístico durante os quatros meses de Verão. 
O Oásis viria a surgir um ano depois. Contudo, fazia parte da mesma visão de Santana Lopes para a praia da Claridade: transformá-la num chamariz para atrair milhares de turistas e fazer jus ao slogan que então começava a circular nas televisões - "A Figueira está na moda, venha descobrir porquê".
No livro "Figueira, a Minha História", Santana Lopes recorda o que se passou desde que aceitou candidatar-se à autarquia até ao dia em que rumou até Lisboa, passando em revista toda a "obra" que realizou durante o mandato. 
Na apresentação do livro, em Fevereiro de 2005, Santana Lopes recomendou-o a todos os que pensavam que durante a sua estadia na Figueira da Foz "apenas tinha plantado umas palmeiras"
Todavia, o projecto do Oásis e a intervenção na praia são largamente descritos no livro. "Isto dá para tudo, pensava, diante do imenso areal. A intervenção na praia marcaria todo o mandado, mas o primeiro ano faria a diferença. No resto do país ainda hoje se fala no Oásis como a obra de Santana Lopes na Figueira. Mas dezenas de árvores no areal foram a parte minúscula de um trabalho maior", recorda Santana no livro.
O plano de intervenção na praia começou por introduzir passadeiras, bancos, toldos, campos de ténis, de voleibol e de basquetebol. Com o Oásis, que custou cerca de 500 mil euros, foram colocadas na zona do Galante árvores exóticas provenientes de Espanha, um lago artificial, um bar e um palco para espectáculos. Segundo Miguel Almeida, ex-vereador e braço direito de Santana Lopes, a iniciativa de criar "algo diferente" no areal da Figueira da Foz partiu de Santana, que tinha o "objectivo claro" de "dinamizar" a Figueira da Foz. "Santana Lopes tinha uma ideia global para animar e dinamizar a Figueira da Foz. O Oásis era uma parte desse projecto como pólo de animação privilegiado".
A intenção era criar um espaço de animação que unisse mais a Figueira da Foz a Buarcos e criasse outras áreas de lazer, além da esplanada Silva Guimarães, fazendo do areal, da marginal, a montra da cidade: "O mar de areia que precede o Atlântico é o postal da Figueira. Era impossível ignorar essa imagem sem dela tirar o melhor partido. A praia da Claridade teria de voltar a ser o íman dourado para milhares de turistas e outros tantos empresários".
Na altura,  modelos e futebolistas participavam em campanhas publicitárias. Santana andava feliz.  "Chegava à janela de minha casa na marginal, numa noite de Verão, e via milhares e milhares de pessoas na rua. Filas de horas nos restaurantes para um jantar. A oferta não estava preparada para este boom de procura. Os comerciantes nunca fizeram tanto dinheiro como nesse ano. Os figueirenses até estavam felizes", relembra.

Em
janeiro de 2016, o executivo socialista fez o anúncio de uma obra 
“milagrosa”.
Na Obra de Requalificação do Areal/Valorização de Frente Mar e Praia - Figueira/Buarcos foram gastos 2 milhões de Euros na empreitada, com a obrigação do empreiteiro fazer a manutenção durante 5 anos.
Quem por lá passar vê uma ciclovia a degradar-se de dia para dia, paliçadas caídas, postes delimitadores em madeira tombados, quase vegetação e árvores mortas.
O problema mantem-se: a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. O extenso areal da Praia da Figueira continua a ser um problema, quando poderia contribuir para a solução.
Na edição de 27 de outubro de 2020 do Diário as Beiras, Teotónio Cavaco, responde à pergunta «que pode a câmara fazer para “aproximar” a cidade do mar através do areal urbano?», desta forma.
«O prolongamento, em cerca de 400 metros, do molhe norte, em 2011, acrescentou dimensão a um triplo problema, cujas variáveis, ligadas, parecem não possibilitar uma solução que a todas resolva completa e satisfatoriamente: a progressiva falta de areia a sul, a acumulação galopante de areia a norte e a navegabilidade na barra do rio.
Entendendo a necessidade da referida obra, muito cara mas imprescindível sobretudo para a sustentabilidade de um porto comercial tão estratégico quanto merecedor de atenção e investimento internacional, nacional e mesmo regional (é o único entre Aveiro e Lisboa), é inegável que aquela acentuou a erosão nas praias a sul, a destruição da duna de proteção costeira em vários locais (sobretudo na praia da Cova), e a retenção de areia na praia da Figueira em cerca de 230 mil metros cúbicos, como refere Nunes André “23 mil camiões que, se dispostos em fila contínua, ocupariam os mais de 300 quilómetros de ligação por autoestrada entre Lisboa e Porto” – a cada ano.
Ora, esta situação é insustentável para as populações a sul, em constante estado de alerta, e para o turismo, cada vez mais sazonal e dependente de uma praia cada vez mais afastada da cidade-mãe.
Assim, a pergunta desta semana, dramaticamente atrasada 40 anos (o Programa Base de Urbanização da Marginal Oceânica – areal da praia – teve início em junho de 1981) devia ser: o que é que a Câmara já devia ter feito para aproximar a cidade do mar através do areal urbano?
Primeiro, definir claramente se quer tirar areia (aproximar o mar da cidade) ou aproveitá-la (aproximar a cidade do mar); depois, envolver todas as Entidades, nacionais e internacionais, que possam estar relacionadas com a jurisdição e administração dos espaços; finalmente, cativar parceiros que sejam desafiados a interessar-se por uma Figueira do século XXI. Ou seja: durante mais uns meses, isto continuará a ser ficção científica!…»

A questão de fundo continua a ser esta: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?

A meu ver,  devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Alguém desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira?
Em 2008 o extenso areal já era uma preocupação e todos sabíamos qual a razão. Mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte! O resultado está bem visível e é lamentável! 
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar. 
Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber colaborar com ela e defender-se das fases nocivas.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas.
Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...

sábado, 15 de abril de 2017

A Figueira vai notar a ausência de Manuel Luís Pata

O Senhor Manuel Luís Pata, fotografado por Pedro Agostinho Cruz, em finais de outubro de 2013, no decorrer de um agradável café, acompanhado, como é habitual quando nos encontrávamos, de uma  empolgante  conversa sobre  o porto e a barra da Figueira, à mesa do Bar Borda do Rio, na Gala.
Com o falecimento de Manuel Luís Pata, "o responsável pelos livros que nesta cidade da Foz do Mondego, até hoje, foram publicados sobre a pesca longínqua do bacalhau e sobre os estaleiros da construção naval figueirense", a Figueira ficou mais pobre.

Foi um Homem que nunca abdicou de lutar.
Para além da luta que teve na década de 80 do século passado contra a construção da variante da Gala, do modo como implantada, liderou ou participou em muitas outras batalhas. Quase todas, se não mesmo todas, perdidas.

Em 1998-1999, tentou, sem êxito, salvar da destruição o último dos grandes navios de ferro bacalhoeiros da Figueira da Foz. Juntamente com os capitães locais, Álvaro Abreu da Silva e António Marques Guerra, foi um dos principais dinamizadores do movimento cívico que na Figueira da Foz defendeu o projecto, que foi torpedeado pela administração pública municipal (e, por isso, ingloriamente malogrado), de salvar da sucata o último de todos os navios bacalhoeiros figueirenses (o antigo "Sotto-Maior", depois chamado "José Cação"), para o transformar numa instalação museológica e assim dar um contributo para a criação do Museu do Mar local. Esse movimento foi lançado e apoiado também com a participação do Centro de Estudos do Mar (CEMAR), mas não conseguiu vencer as resistências que lhe foram movidas.

Conforme recordou Alfredo Pinheiro Marques, "no ano anterior, em 1997, prontificou-se  para ser o primeiro a testemunhar (se fosse necessário) acerca da destruição dos seis  barcos de madeira antigos de pesca, adquiridos pelo erário público para fins museológicos (e estudados pelo próprio Arq. Octávio Lixa Filgueiras) mas que foram destruídos durante uma década no interior do Museu Municipal da Figueira da Foz." 

O projecto de criação do Museu do Mar da Foz do Mondego (o museu, desde sempre, desejado por tantos...) passou a fazer parte do essencial da estratégia do Centro de Estudos do Mar (CEMAR) desde a sua fundação na Figueira da Foz, em Janeiro de 1995: primeiro, apontando-se tal Museu para as antigas instalações da Fábrica de Conservas Cofisa em Buarcos  e, depois, em outros locais na cidade da Foz do Mondego e na sua margem sul (nomeadamente, com a inclusão desse navio, se ele tivesse sido salvo e musealizado, o que não veio a acontecer).
Tal projecto, pelo qual Manuel Luís Pata, no âmbito do CEMAR, lutou até ao fim, foi sempre inviabilizado. Quando um dia existir, se vier a exisitir, a memória e a contribuição de Manuel Luís Pata, terão de ser tidas em conta e ficarem devidamente registadas para memória futura.

Manuel Luís Pata, no decorrer de toda a sua vida, nunca deixou esquecer o antigo e meritório projecto, infelizmente fracassado, do porto oceânico de águas profundas no Cabo Mondego (Buarcos), do Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva (1913). Esse projecto, se tivesse sido concretizado, teria dado à região da Figueira da Foz e de Coimbra o futuro que tal região não veio a ter. 
É sobejamente conhecida a sua luta contra o aumento do grande molhe norte do actual pequeno porto fluvial da Figueira da Foz (2006-2008), denunciando o que considerou ser mais um erro histórico que iria avolumar as situações de calamidade visíveis desde há décadas na região da Foz do Mondego, o que, infelizmente, veio a acontecer.
Os mortos na barra da Figueira e a erosão costeira a sul do estuário do Mondego são disso, infelizmente, a prova.

Em 2007, publicou no jornal "A Voz da Figueira" (25.10.2007), um artigo onde denunciava (e se declarou contra) a intenção abstrusa, daqueles que foram responsáveis pelo aumento do molhe norte do porto da Figueira, de colocar lá um "monumento aos figueirenses da epopeia do bacalhau" ("proibo que o meu nome e dos meus familiares falecidos sejam colocados em tal local aberrante" [sic])."
Manuel Luís Pata estava também frontalmente contra as obras na Praia da Figueira, outrora da Claridade, agora  da Calamidade.

Em Setembro de 2016, por ocasião da publicação do seu último livro, foi-lhe atribuída pela Câmara Municipal da sua terra natal, em vida, meritoriamente, a Medalha de Mérito do Município da Figueira da Foz (13.09.2016).
Lamentavelmente, já não viveu o tempo suficiente para a receber.
A Medalha de Mérito Municipal da Figueira da Foz, que lhe foi atribuída pela Câmara Municipal, irá ser entregue à Família do Senhor Manuel Luís Pata no próximo Dia da Cidade da Figueira da Foz, em 24 de Junho de 2017.

Manuel LuísPata vai fazer falta à Figueira.
Depois de tantos milhões gastos, para chegarmos aqui: "Requalificação do areal para aproximar a cidade ao mar"!..
Ouçam mas é quem sabe, por saber de experiência feita:
"... na pág. 8 do semanário “A Voz da Figueira”, de 13 de janeiro de 2016, com o anúncio da construção desta “milagrosa” obra onde irão gastar (estragar mais de 2,1 milhões de euros), fiquei perplexo!..
No entanto, os meus 91 anos não deveriam permitir que isso acontecesse! Mas, aparece sempre algo que nunca nos passaria pela imaginação.
Afinal: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Insisto: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Leva-me a crer que quem tomou esta iniciativa desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!
Na realidade, o extenso areal existe e todos sabemos qual a razão e, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
O resultado está bem visível e é lamentável! Pelo que li, o areal distancia o mar da cidade 40 metros em cada ano!
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - que esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar.

Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber defender-se das fases nocivas.
Pelas razões que expus, terei, a contragosto e uma vez mais, de adicionar mais uma obra ao meu arquivo de obras “asnas” e gostaria que fosse a última, não porque na verdade já não terei muito mais tempo para o fazer, mas por deixarem de existir.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas."

Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...

Com as conversas que tive com este Senhor, aprendi muita coisa, nomeadamente que "o mar não gosta de cobardes".  E que "ao mar nunca se vira as costas".
O cuidado, o carinho, a dedicação,a perseverança e o bom gosto com que sempre defendeu a Aldeia, ao recordar a figura de Manuel Luís Pata, enche-me de um sentimento de gratidão para com este enorme covagalense e grande figueirense.
Como ele próprio me disse um dia, já lá vão quase dezasseis anos, “é pena que nem toda a gente entenda que na construção do futuro é necessário guardar a memória”.

Por me ter sido permitido viver esta dádiva, obrigado por tudo Senhor Manuel Luís Pata. 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Ouçam de uma vez por todas o que disse Manuel Luís Pata: "devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias"

Na edição de hoje do Diário as Beiras, Teotónio Cavaco, responde à pergunta «que pode a câmara fazer para “aproximar” a cidade do mar através do areal urbano?», desta forma.
«O prolongamento, em cerca de 400 metros, do molhe norte, em 2011, acrescentou dimensão a um triplo problema, cujas variáveis, ligadas, parecem não possibilitar uma solução que a todas resolva completa e satisfatoriamente: a progressiva falta de areia a sul, a acumulação galopante de areia a norte e a navegabilidade na barra do rio.
Entendendo a necessidade da referida obra, muito cara mas imprescindível sobretudo para a sustentabilidade de um porto comercial tão estratégico quanto merecedor de atenção e investimento internacional, nacional e mesmo regional (é o único entre Aveiro e Lisboa), é inegável que aquela acentuou a erosão nas praias a sul, a destruição da duna de proteção costeira em vários locais (sobretudo na praia da Cova), e a retenção de areia na praia da Figueira em cerca de 230 mil metros cúbicos, como refere Nunes André “23 mil camiões que, se dispostos em fila contínua, ocupariam os mais de 300 quilómetros de ligação por autoestrada entre Lisboa e Porto” – a cada ano.
Ora, esta situação é insustentável para as populações a sul, em constante estado de alerta, e para o turismo, cada vez mais sazonal e dependente de uma praia cada vez mais afastada da cidade-mãe.
Assim, a pergunta desta semana, dramaticamente atrasada 40 anos (o Programa Base de Urbanização da Marginal Oceânica – areal da praia – teve início em junho de 1981) devia ser: o que é que a Câmara já devia ter feito para aproximar a cidade do mar através do areal urbano?

Primeiro, definir claramente se quer tirar areia (aproximar o mar da cidade) ou aproveitá-la (aproximar a cidade do mar); depois, envolver todas as Entidades, nacionais e internacionais, que possam estar relacionadas com a jurisdição e administração dos espaços; finalmente, cativar parceiros que sejam desafiados a interessar-se por uma Figueira do século XXI. Ou seja: durante mais uns meses, isto continuará a ser ficção científica!…» 

Nota OUTRA MARGEM:
 Só, para mais uma vez, avivar a memória, e por o seu conteúdo ser do maior interesse, vamos recuperar, com devida vénia, extratactos de uma carta do SENHOR MANUEL LUÍS PATA, publicada no dia 26 de Março de 2007, no “Diário de Coimbra”, pág. 8, na secção Fala o Leitor, com o título:

«“Erosão das Praias”

Permitam que me identifique:
Foto Pedro Agostinho Cruz
Manuel Luís Pata, nascido há 82 anos na povoação da Gala (à beira do mar), Figueira da Foz e filho, neto e bisneto de marítimos. Também eu como os meus ascendentes, segui a vida do mar, onde aprendi a ser homem. O mar foi para mim um grande Mestre… E a vida que escolhi levou-me a conhecer novos horizontes!...
Vivi 20 anos em Moçambique. Cinco na marinha mercante e quinze na província da Zambézia, catorze dos quais a governar um dos navios da Sena Sugar Estates, o “ Mezingo”.
Sou um simples cidadão que ama a sua Pátria. É esta a razão que me leva a lutar pelo bem do meu pobre País, que continua a ser destruído, não pela natureza, mas sim pelo ser humano!...

Qual a principal causa da catástrofe que se avizinha?

Os molhes da barra da Figueira da Foz

Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “ Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “ Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “Molhe Norte”, como obra milagrosa… Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!... Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!..»

Apesar de algumas  vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
Os resultados, infelizmente, estão à vista: já morreram várias pessoas à entrada desta nossa barra.
As dragagens  realizadas na enseada, na barra e no rio, na opinião de Manuel Luís Pata – velho e teimoso lutador contra as obras que têm sido feitas, nomeadamente o prolongamento do molhe norte, a que chama a obra “madastra”, fazendo alertas para o que iria acontecer – são a “principal causa da assustadora erosão da costa marítima, principalmente e S. Pedro de Moel para o norte”
Ao contrário de Leixões, cujo molhe está curvado a sul, mas  está construído em local fundo, onde por isso o mar não rebenta, na foz do Mondego, devido ao constante assoreamento provocado pelas areias que vêm do norte, o mar rebenta mesmo á saída da barra, tornando-a na opinião de muitos pescadores com quem convivemos todos os dias, neste momento, a pior barra do país para os pequenos barcos de pesca.
Como evitar isto?
Na opinião de Manuel Luís Pataum exemplo de perseverança, só há uma alternativa: “fazer o molhe a partir do Cabo Mondego para sul, o que não só serviria de barragem às areias, como também abrigaria a zona do Cabo Mondego e Buarcos, evitando-se assim as investidas do mar na marginal e que ainda há pouco tempo causaram importantes estragos na zona da Tamargueira."

Como me disse ao longo dos anos o velho e experiente Homem da foto acima, nas inúmeras e enriquecedoras conversas que ao longo da minha vida com ele tenho tido, e que foram a base deste texto,  “a Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. Na sua opinião, a única obra do homem  de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..
Manuel Luís Pata deixou-nos em Abril de 2017. Continua a fazer muita falta à Figueira...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Requalificação do areal para aproximar a cidade ao mar

Ao deparar na pág. 8 do semanário “A Voz da Figueira”, de 13 de janeiro de 2016, com o anúncio da construção desta “milagrosa” obra onde irão gastar (estragar mais de 2,1 milhões de euros), fiquei perplexo!..
No entanto, os meus 91 anos não deveriam permitir que isso acontecesse! Mas, parece sempre algo que nunca nos passaria pela imaginação.

Afinal: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Insisto: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Leva-me a crer que quem tomou esta iniciativa desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!

Na realidade, o extenso areal existe e todos sabemos qual a razão e, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
O resultado está bem visível e é lamentável! Pelo que li, o areal distancia o mar da cidade 40 metros em cada ano!
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar.

Também por artigos que pude ler, há quem tenha apreensão em relação à permanência da areia ao longo do tempo. A meu ver com razão.
Este pensamento faz todo o sentido! Mais ano menos ano, mais década menos década a areia vai ter de ser utilizada.
Portanto, a solução para voltarmos a ter um bem indispensável à nossa terra, esse sim que pertence à Figueira, é pegar no projecto do saudoso Eng. Baldaque da Silva e construir o indispensável “Paredão a partir do Cabo Mondego” e dar início à bombagem das areias depositadas na ex-Praia da Claridade, para o molhe sul do Cabedelo, que o mar (sendo soberano) se encarregará de as distribuir para onde entender, porque lhe pertencem!
Parte desta areia, que seria simplesmente uma pequena parte, digamos, poderia e deveria ser utilizada, ou melhor, reposta na praia de Buarcos.

A importância gasta nesta operação (que há muito deveria ter sido feita) não aumentaria a despesa ao Estado, porque essas areias iriam evitar a erosão em várias zonas da orla costeira.
MANUEL LUÍS PATA, o autor deste texto
Na recente intervenção para prevenção da erosão nas dunas, na Figueira, na parte sul da praia da Freguesia de S. Pedro, assim como na Costa de Lavos e Leirosa, andaram envolvidas várias máquinas a transportar milhares de m3 de areia da própria praia, para substituir o que o mar levou!
Isto não é uma solução, mas sim um remendo...
(Que não resulta. Esta areia depositada por meios mecânicos não tem a resistência da areia que lá se encontrava depositada hidraulicamente ao longo de milhares de anos.)

Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber defender-se das fases nocivas.
Pelas razões que expus, terei, a contragosto e uma vez mais, de adicionar mais uma obra ao meu arquivo de obras “asnas” e gostaria que fosse a última, não porque na verdade já não terei muito mais tempo para o fazer, mas por deixarem de existir.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Da série, o areal urbano está assim por erros e falta de visão do homem... (5)

"O nosso areal afigura-se como um dos desafios mais exigentes nas próximas décadas para a nossa cidade. Uma área 45 hectares de extensão, só na frente de mar da antiga freguesia de São Julião, demonstra-nos que nenhum projeto de infra-estrutura financeiramente viável poderia resolver o problema na sua dimensão total. Acredito vivamente numa solução que envolva a criação de um ecossistema natural entre a cidade e a zona de banhos. Isto é, um parque urbano composto por árvores de grande porte, zonas verdes e percursos pedonais. Sei bem que esta solução demoraria 30 anos a estabelecer-se como um projeto finalizado.  Porém, a necessidade crescente de zonas verdes e arborizadas junto aos principais eixos rodoviários impele-nos a repensar áreas desaproveitadas das zonas urbanas, para a criação de zonas verdes, capazes de combater os efeitos do carbono e das altas temperaturas que se fazem sentir.
Esta solução que apresento parece um pouco radical. No entanto, é algo que podemos encontrar em algumas praias espanholas, nomeadamente, em Cabanas. Trata-se de um município Galego que recentemente se geminou com a Freguesia de Buarcos e São Julião. Lá, podemos vislumbrar uma praia que em tempos teve o dobro da área. Contudo, hoje, metade dessa área é ocupada por um parque verde densamente arborizado e com infra-estruturas desportivas e lúdicas para quem pretende usufruir das mesmas.
O ideal era conseguir reduzir o areal para as dimensões do anos 50, mas as opções tomadas no passado deixaram a nossa praia nesta situação. É necessário pensar esta zona da cidade de uma forma arrojada e corajosa. Tendo sempre como finalidade um futuro sustentável, em que todos possa-mos aproveitar os banhos frios do mar da Figueira."


CRÓNICA VIA Diário as Beiras
Nota via OUTRA MARGEM.
Manuel Luís Pata faz falta à Figueira.
Depois de tantos milhões gastos, para chegarmos aqui: "Requalificação do areal para aproximar a cidade ao mar"!..
Ouçam mas é quem sabe, por saber de experiência feita:
"... na pág. 8 do semanário “A Voz da Figueira”, de 13 de janeiro de 2016, com o anúncio da construção desta “milagrosa” obra onde irão gastar (estragar mais de 2,1 milhões de euros), fiquei perplexo!..
No entanto, os meus 91 anos não deveriam permitir que isso acontecesse! Mas, aparece sempre algo que nunca nos passaria pela imaginação.
Afinal: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Insisto: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Leva-me a crer que quem tomou esta iniciativa desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!
Na realidade, o extenso areal existe e todos sabemos qual a razão e, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
O resultado está bem visível e é lamentável! Pelo que li, o areal distancia o mar da cidade 40 metros em cada ano!
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - que esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar.

Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber defender-se das fases nocivas.
Pelas razões que expus, terei, a contragosto e uma vez mais, de adicionar mais uma obra ao meu arquivo de obras “asnas” e gostaria que fosse a última, não porque na verdade já não terei muito mais tempo para o fazer, mas por deixarem de existir.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas."

Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Senhores políticos, ouçam a nova direcção da ACIFF.

Primeira página do Diário as Beiras de hoje, dia 12 de Dezembro de 2019: "Nova direcção da ACIFF quer aproximar o mar da cidade".

Imagem via Diário as Beiras
Recordo Manuel Luís Pata, um cidadão que faz muita  falta à Figueira.
Depois de tantos milhões gastos, para chegarmos aqui: "Requalificação do areal para aproximar a cidade ao mar"!..
Ouçam mas é quem sabe, por saber de experiência feita:
"... na pág. 8 do semanário “A Voz da Figueira”, de 13 de janeiro de 2016, com o anúncio da construção desta “milagrosa” obra onde irão gastar (estragar mais de 2,1 milhões de euros), fiquei perplexo!..
No entanto, os meus 91 anos não deveriam permitir que isso acontecesse! Mas, aparece sempre algo que nunca nos passaria pela imaginação.
Afinal: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Insisto: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Leva-me a crer que quem tomou esta iniciativa desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!
Na realidade, o extenso areal existe e todos sabemos qual a razão e, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
O resultado está bem visível e é lamentável! Pelo que li, o areal distancia o mar da cidade 40 metros em cada ano!
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - que esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar.

Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber defender-se das fases nocivas.
Pelas razões que expus, terei, a contragosto e uma vez mais, de adicionar mais uma obra ao meu arquivo de obras “asnas” e gostaria que fosse a última, não porque na verdade já não terei muito mais tempo para o fazer, mas por deixarem de existir.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas."

Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...

terça-feira, 18 de julho de 2023

"A erosão costeira é o mais urgente dos problemas, a mais premente das preocupações, a prioridade mais consensual no nosso concelho"....

 Imagem via Diário as Beiras

Nota.
Será que, finalmente, se começa a ver a realidade?
E a realidade é mesmo esta: "a erosão costeira é o mais urgente dos problemas, a mais premente das preocupações, a prioridade mais consensual no nosso concelho".
A realidade da erosão costeira, há muitos anos, que deveria ter sido dos principais assuntos a preocupar os que receberam o mandato popular para cuidar da polis figueirense.
Por isso, para muitos, é preocupante e inexplicável o adiamento da implementação do bypass.
A erosão costeira, isto é, o avanço do mar sobre terra, continua a fazer o seu caminho na orla costeira a sul do estuário do Mondego.
Basta uma simples deslocação a esta parte do território para verificar que o avanço do mar sobre a terra assume aspectos preocupantes.
Basta, logo a seguir ao ao parque de estacionamento da Praia da Cova, percorrer os cerca de 50 metros que restaram do passadiço. Chegados lá, olhem para sul e atentem no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial. E não foi por falta de alertas. 
Recordo um via OUTRA MARGEM, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006.
Já lá vão quase 17 anos...
Entretanto, as previsões quanto às consequências do prolongamento do molhe da Figueira da Foz, concretizaram-se. 
O areal das praias da região está a desaparecer e o mar está cada vez mais próximo das casas, sendo previsível que, se nada for feito, dentro de poucos anos invada as povoações.
As previsões dos pescadores da minha Aldeia, dos ambientalistas e especialistas em assuntos do mar quanto às consequências do prolongamento do molhe na Figueira da Foz, estão-se a agravar de forma assustadora.
Citando Alfredo Pinheiro Marques, director do Centro de Estudos do Mar: houve falta de sensatez. “Esse problema já se percebia no século passado, em exemplos como os do Furadouro ou de Espinho, que até o cineasta Paulo Rocha mostrou em 1966 no seu filme Mudar de Vida, pelo que se deveria, pelo menos, não ter feito mais erros”
“Quando por razões económicas, turísticas ou de especulação imobiliária, se constroem os molhes e esporões, criam-se verdadeiros aterros a Norte e fica-se sem areia a Sul, podendo o mar entrar pela terra a dentro, colocando em risco as habitações”.
“A construção de molhes ou pequenos esporões tem um preço, que é caríssimo”. 
Pinheiro Marques, sobre o que aconteceu na Figueira não tem dúvidas: “aumentando o problema para o dobro aumentou-se também os seus efeitos para o dobro”
A verdadeira diferença, neste caso, como em tudo na vida, está em todos aqueles que, sejam de que quadrante político forem, conseguem ter a isenção, a independência, a coragem de se demarcarem e tomarem posição, arrostando com as consequências.
Esses, são os que devem ser lembrados, sem esquecer as grandiosas obras que a mediocridade instalada legou ao futuro.
Manuel Luís Pata"o responsável pelos livros que nesta cidade da Foz do Mondego, até hoje, foram publicados sobre a pesca longínqua do bacalhau e sobre os estaleiros da construção naval figueirense", é um deles. Foi um Homem que nunca abdicou de lutar. Liderou ou participou em muitas batalhas. Quase todas, se não mesmo todas, perdidas.
Entre elas, até agora, a que continua a ser travada: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Como Manuel Pata costumava dizer: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
O extenso areal já existia em 2008. Existia e todos sabíamos qual a razão.
E, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
Na Figueira, a Praia frente à cidade, a barra e a orla costeira a sul do estuário do Mondego, estão assim por vontade dos homens.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Temos de respeitar o direito de alguns a serem burros. O problema é que, na Figueira, alguns abusam...

Tantos milhões gastos, para chegarmos aqui: "Requalificação do areal para aproximar a cidade ao mar"!..

Ouçam mas é quem sabe, por saber de experiência feita:

"... na pág. 8 do semanário “A Voz da Figueira”, de 13 de janeiro de 2016, com o anúncio da construção desta “milagrosa” obra onde irão gastar (estragar mais de 2,1 milhões de euros), fiquei perplexo!..
No entanto, os meus 91 anos não deveriam permitir que isso acontecesse! Mas, parece sempre algo que nunca nos passaria pela imaginação.
Afinal: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Insisto: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Leva-me a crer que quem tomou esta iniciativa desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!
Na realidade, o extenso areal existe e todos sabemos qual a razão e, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
O resultado está bem visível e é lamentável! Pelo que li, o areal distancia o mar da cidade 40 metros em cada ano!
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar.

Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber defender-se das fases nocivas.
Pelas razões que expus, terei, a contragosto e uma vez mais, de adicionar mais uma obra ao meu arquivo de obras “asnas” e gostaria que fosse a última, não porque na verdade já não terei muito mais tempo para o fazer, mas por deixarem de existir.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas."
Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...

terça-feira, 27 de junho de 2023

O areal da Praia

Na edição de ontem do jornal Diário as Beiras, li uma carta do eng. Daniel Santos.
Passo a citar: 
«O Plano Estratégico de Desenvolvimento da Figueira da Foz aprovado em 2014, que se encontra disponível no portal do município sob a égide da conhecida afirmação de Séneca “para quem navega sem rumo, todos os ventos são desfavoráveis”, propõe um “ordenamento da Praia da Claridade e de toda a baía de Buarcos, criando diversas valências e usos das mesmas e dinamizando o seu extenso areal. Aborda-se, assim, a enorme extensão de praia como um ponto forte da cidade”.
O planeamento urbanístico inconsequente para o areal da praia tem um histórico de décadas, remontando ao período de antes do 25 de abril.
Já nos anos 70 o engenheiro-chefe dos serviços municipais opinava, no seu parecer sobre o proposto Plano de Urbanização, que, sobre a construção do molhe norte, haveria que optar entre o turismo e a atividade portuária, atendendo às consequências que a respetiva construção teria no crescimento da praia, como veio a acontecer e estava previsto.
O Plano de Urbanização da cidade, que vigorou entre 1995 e 2017, definiu a praia como sendo uma zona sujeita a planeamento de pormenor. 
Ao longo do tempo, desde 1981 até 2001, foram propostos vários estudos, ante-planos e planos, nunca se tendo tornado nenhum deles plenamente efi caz, nem sequer sido completado. 
Até a Sociedade Figueira-Praia propôs um plano. Alguns chegaram a participação pública, da qual resultou que “aos costumes se disse… nada”.
Há não muito tempo, o CDS local quis discutir a praia. Da meia dúzia de cidadãos que apareceram, apesar das intervenções, não pode dizer-se que tenham resultado novas ideias.
Sobre a praia e quanto a planeamento, o que vale é a intenção manifestada no Plano Estratégico que acima se indicou. E não é um plano de território, isto é, não vincula.
Enquanto se riscavam os planos, a praia foi fazendo o seu caminho, as intervenções foram avulsas e voltou-se ao ponto inicial, ou seja, não há decisão.
Sendo certo que a Figueira não pode abdicar dos eventos anuais, também não pode deixar-se a situação no limbo. É preciso tomar uma decisão.
Donde se poderá propor que a solução para a praia não pode deixar de passar pelo planeamento eficaz, com prévia discussão pública, sobretudo hoje que existem ferramentas para que o mesmo seja dinâmico e se vá adaptando às realidades que forem surgindo.
Sem plano, isto, é, como afirmou Séneca, sem objetivo, não chegaremos à solução!»
Daniel Santos
A discusssão que o CDS promoveu sobre o tema, realizou-se em 15 de Maio de 2019 e conseguiu juntar 46 pessoas pessoas, de todas as tendências políticas.
Mattos Chaves, presidente da concelhia do CDS, sabendo da distância ideológica que nos separa, que nenhum de nós esconde ou disfarça, convidou-me para ser orador nas “TERTÚLIAS FIGUEIRENSES”
Fui convidado e aceitei. Gosto deste e de todos os debates livres, de preferência com vozes dissonantes. É a falar que a gente se entende. Aceitei porque  sou do tempo em que os debates eram proibidos na Figueira. Haja debates e, já agora, que deles saiam algumas ideias.
Lá estive, portanto,  numa sessão moderada por Pedro Vieira, com o Dr. Joaquim de Sousa e a Drª. Isabel João Brites e onde tive oportunidade de deixar expresso aquilo que penso.
O areal da praia da Figueira é um problema que remonta à definição da barra da Figueira, tal como ela é hoje, com a construção dos molhes, o que ocorreu no final da década de 50, princípio dos anos 60 do século passado.
Li um dia que "que os homens não aprendem muito com as lições da História. E esta, acaba por ser a mais importante de todas as lições que a História tem para nos ensinar"
O prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado e feito, apesar dos vários alertas feitos em devido tempo, a que a realidade infelizmente deu razão: a "Barra da Figueira da Foz  é  uma Armadilha Mortal para os Pescadores",  nos últimos anos morreram 11 pessoas. Cerca de 13 anos depois de concluída a obra, a barra  da Figueira, para os barcos de pesca que a demandam, está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada. Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa – e por aí adiante até à Nazaré. A meu ver, há uma ideia simples que é preciso ter em conta. Não é a Figueira que se tem de aproximar do mar. É o contrário: é o mar que se tem de aproximar da Figueira. Para isso é preciso retirar a areia a mais que existe na Figueira e distribui-la por onde é necessária: as praias a sul do estuário do Mondego. E tão necessária ela é até à Nazaré. Isto, embora sendo uma ideia simples, não está ainda entendida por muita gente que manda.
O poder autárquico figueirense, com a execução das chamadas obras de requalificação do areal de 2015, demonstrou bem o seu posicionamente nesta questão do que fazer com o areal da praia da Figuiera da Foz... 
E tão avisados que foram...  Manuel Luís Pata, o meu saudoso Amigo, em devido tempo, fartou-se de avisar. Porém, ninguém o ouviu. Temos as consequências...
A Praia da Figueira não é um problema dos que habitam na cidade. É um problema territorial de todo o concelho e mais além.
É positivo o contributo de todos os figueirenses. Estamos num momento em que é importante "discutir pública e livremente, com todos, os assuntos da Figueira".

quarta-feira, 22 de maio de 2019

A propósito do agradecimento do Dr. Miguel Mattos Chaves

O Dr. Miguel Mattos Chaves fez um agradecimento público aos participantes na  “TERTÚLIA FIGUEIRENSE”, realizada no passado dia 15 de Maio, em que "estiveram 46 pessoas pessoas, de todas as tendências políticas." Registo o facto do Dr. Miguel Mattos Chaves ter acentuado o seguinte:  "ainda há Figueirenses que se interessam pelas sua Cidade e que não se limitam a dizer mal de tudo e de todos. Pessoas que, independentemente das suas legitimas Tendências Políticas, procuram Soluções para os problemas e questões que afectam o Concelho."
Como é óbvio, agradeço o convite e a oportunidade de falar publicamente de problemas reais do território do nosso concelho. Gostei deste e de todos os debates livres, de preferência com vozes dissonantes. É a falar que a gente se entende. Aceitei porque sou do tempo em que os debates eram proibidos na Figueira. Haja debates e, já agora, que deles saiam algumas ideias.

O areal da praia da Figueira é um problema que remonta à definição da barra da Figueira, tal como ela é hoje, com a construção dos molhes, o que ocorreu no final da década de 50, princípio dos anos 60 do século passado.
Li um dia que "que os homens não aprendem muito com as lições da História. E esta, acaba por ser a mais importante de todas as lições que a História tem para nos ensinar"…
O prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado e feito, apesar dos vários alertas feitos em devido tempo, a que a realidade infelizmente deu razão: a "Barra da Figueira da Foz  é  uma Armadilha Mortal para os Pescadores",  nos últimos anos morreram 11 pessoas. Cerca de 9 anos depois de concluída a obra, a barra  da Figueira, para os barcos de pesca que a demandam, está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada. Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa – e por aí adiante até à Nazaré. A meu ver, há uma ideia simples que é preciso ter em conta. Não é a Figueira que se tem de aproximar do mar. É o contrário: é o mar que se tem de aproximar da Figueira. Para isso é preciso retirar a areia a mais que existe na Figueira e distribui-la por onde é necessária: as praias a sul do estuário do Mondego. E tão necessária ela é até à Nazaré. Isto, embora sendo uma ideia simples, não está ainda entendida por quem manda.
O poder autárquico figueirense, com a execução das chamadas obras de requalificação do areal de 2015, demonstrou bem o seu posicionamente nesta questão do que fazer com o areal da praia da Figuiera da Foz... 
E tão avisados que foram...  Manuel Luís Pata, o meu saudoso Amigo, em devido tempo, fartou-se de avisar. Porém, ninguém o ouviu. Temos as consequências...
A Praia da Figueira não é um problema dos que habitam na cidade. É um problema territorial de todo o concelho e mais além.
É positivo o contributo dado aos figueirenses pelos promotores destas Tertúlias: estamos num momento em que é importante "discutir pública e livremente, com todos, os assuntos da Figueira."

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Em dias assim, como o de hoje, é tão bom viver na Figueira. Quem sabe usufruir, goza tanto!..

Criei o OUTRA MARGEM, já lá vão quase 17 anos.
Nesse dia, a 25 de Abril de 2006, já na Figueira havia carnaval todos os dias.
Eu não inventei nada. 
Desde aí, se não todos os dias, quase todos os dias (com a gestão dos presidentes  Duarte Silva e João Ataíde, ambos de  boa memória, até aos dias de hoje, com o "tolerante" Carlos Monteiro...) a coisa funcionou na perfeição, pois a Figueira é uma animação constante.

É uma felicidade viver na Figueira: creio que seria impossível viver noutro concelho mais divertido do que este.
O OUTRA MARGEM, trouxe-me a possibilidade de ser muito acarinhado, muito bem tratado, muito incentivado e, sobretudo, muito tolerado.
A Figueira é um poço sem fundo no que à vida democrática diz respeito.
Dito isto, fica uma declaração de interesses: o autor deste blogue, considera que a saúde, a educação e os serviços básicos, constituem são direitos de todos os seres humanos e deveriam em Portugal ser assegurados pelo Estado. Mais: considera que a privatização da água e da electricidade foram uma boa merda que nos aconteceu, e foi uma maneira de fazerem pagar, à esmagadora maioria, muito mais por algo que é esssencial para as suas vidas, para gáudio e usufruto de uma minoria, muito minoritária.
Se me quiserem chamar comuna por causa disso, estão - não à vontade - mas à vontadinha.
Posto isto vamos à revista de imprensa de hoje.
No Diário as Beiras, temos mais um episódio da telenovelas figueirense: Edifício O Trabalho. Mais, uma vez nada de novo. "O gabinete de arquitetura que fez o projeto para a recuperação do imóvel informou, recentemente, a autarquia de que os proprietários, um fundo de investimento, já escolheu o empreiteiro e vai iniciar as obras." Portanto, é natural que "a carta enviada pelo gabinete de arquitetos à autarquia também não deverá entusiasmar os figueirenses, tantas foram já as vezes que tomaram conhecimento da mesma intenção".
No mais, três boas notícias e uma péssima. Vamos às boas: 
1. "Há muito que não eram reportados tão poucos novos casos de covid-19 num só dia no concelho, mesmo tendo em conta que o número de resultados reportados pelos laboratórios ao fim semana é baixo."
 2. O sol e o calor, qual primavera antecipada depois de semanas com chuva e frio, foram, no fim de semana, o pretexto para passeios higiénicos e corridas na marginal de Buarcos e da Figueira da Foz.
3. Revelando espírito empreendedor, "dois estabelecimentos da Baixa da cidade, durante o fim de semana, descobriram uma alternativa à proibição de servir bebidas ao postigo durante o confinamento, instalando máquinas “selfservice” de café, semelhantes às domésticas, no passeio."
Vamos à má: "A forte agitação marítima dos últimos dias destruiu o Poço do Guarda, na Praia da Cova, um ex-libris da Freguesia de São Pedro, no concelho da Figueira da Foz."
Nada que não fosse fácil de prever. Tal como a evidência há muito prevista da "erosão costeria estar a aproximar (perigosamente) o mar da zona residencial da Praia da Cova".

Sobre a erosão costeira, pouco mais há a acrescentar. Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo está a caminho da falência - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

Retomando a revista de imprensa, o Diário de Coimbra chama a atenção "para o desespero da restauração figueirense e das apreensões com o futuro, as preocupações da JS local com a reactivação dos núcleos de estaudantes no ensino secundário e o apelo da BU Alhadense aos seus sócios para que paguem as quotas."

Ler, é saber mais. 
Portanto, de manhã não se esqueçam de ir à página do facebook da câmara (para ficarem a par da propaganda oficial do regime figueirense), passar os olhos pelos jornais que falam da Figueira. 
Já agora, se assim o entenderem, vão continuando a passar pelo OUTRA MARGEM...

segunda-feira, 23 de maio de 2016

FIGUEIRA DE SEMPRE: "A BATOTA AMENA"

Viajar, é do que conheço de mais gratificante. 
E quando se fala em viagem, podemos simplesmente viajar no tempo, recuar a uma cidade que existiu lá atrás, no tempo, mas que, bem vistas as coisas, continua a Figueira de sempre.
Obviamente, que não vivi o tempo em que foi escrito o texto que publico a seguir, mas sinto que há qualquer coisa da nossa cidade que sempre ficou e permanece, vinda do passado.
Por isso, é da mais elementar justiça, recolher essa parte de nós, lá deixada, e divulgá-la.
Até porque, fisicamente, a Figueira, cidade, tem vindo a perder muito do seu encanto, a que acrescento, qualidade de vida. 
A Figueira é uma construção que os políticos consentiram - e, também, contribuíram ao longo dos anos -  que se viesse a transformar numa catástrofe onde a impiedade, a assimetria e a desconformidade estão a ser levadas ao limite. 
Neste momento, exemplo disso, são os 2 milhões para aproximar a Figueira do Mar e da Praiaquando o que deveria ser feito era  procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Quem tomou esta iniciativa, desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!
E o problema da erosão costeira continua a crescer e a agravar-se a sul da barra do Mondego... 

"Mesmo cá de longe eu estou perto; estou a ver o desvairamento com que aí na Figueira se joga a batota, sob as vistas complacentes da autoridade que neste ponto não cumpre a lei nem as determinações superiores. Estou a ver o suspiro de alívio de mesiurs, os batoteiros, donos da nossa encantadora praia, onipotentes senhores, que teem a mão na policia e o administrador do concelho e falam de papo, entricheirados nas casas de vício e de exploração que são os chamados Casino Peninsular e cafés Europa e Hespanhol; suspiro de alívio por julgarem ter-se visto livres de quem lhes põe a calva á mostra, interpretando o sentir de toda a gente honesta e trabalhadora, que vê no jogo um prejuízo para os seus legítimos interesses.
Mas enganam-se os cavalheiros da indústria do jogo. Eu cá estou. (…)
Tivessem as autoridades a noção simples do dever que são obrigadas a cumprir, e há muito que a nossa praia estaria limpa d`esses senhores, que vassouram para a burra dos patrões avaros e rapaces o que a ingenuidade e o vício atiram para cima do tentador pano verde. E limpa também d`esses mesmos patrões que mal sabem ler e escrever, cuja origem e procedência é quasi sempre incerta, mas que passeiam a sua sobranceria, acotovelando com desprezo as pessoas que ganham honradamente a sua vida.
(…)
Fechem-se as batotas! Cumpra-se a lei…"

António Amargo, O Figueirense, 10 de Setembro de 1922, via ÁLBUM FIGUEIRENSE.