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quinta-feira, 6 de maio de 2021

Erosão a sul do quinto molhe: de promessa em promessa até à desilusão final?..

6 de Janeiro de 2021: Erosão costeira a sul do Mondego: bypass móvel, para já, mais uma promessa...

"Para Carlos Monteiro, a utilização do bypass móvel naquela zona poderá assegurar a proteção das dunas artificiais, através da cobertura permanente com areia.

Contudo, aquele sistema de projeção de areias para as praias não impede a APA de poder vir a optar por outras soluções propostas pelo estudo que está a ser realizado na Figueira da Foz sobre a erosão costeira. Em causa está a transposição de três milhões de metros cúbicos de inertes da zona a norte do molhe norte para as praias do sul do concelho. Os resultados deverão começar a ser divulgados no primeiro trimestre deste ano".

"A transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, de norte para sul do Mondego, na Figueira da Foz, só deverá começar em 2023, quatro anos depois do anúncio do Governo, situação que a autarquia considera lamentável.

Em declarações hoje à agência Lusa, Carlos Monteiro, presidente da autarquia da Figueira da Foz lamentou o “atraso” da administração central numa obra “urgente” que visa combater a erosão nas praias a sul.

“Lamento este atraso. Embora parte dos prazos possam ser explicados pela pandemia, o período é demasiado grande para poder ser todo este atraso explicado pela pandemia. Os serviços centrais demoram muito tempo a fazer coisas urgentes”, argumentou Carlos Monteiro.

Concretamente, segundo Carlos Monteiro, a pandemia de covid-19 “não explica” o facto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ter apresentado uma candidatura a fundos europeus para financiar a obra, mas também o projecto de execução e estudo de impacte ambiental – aprovada em Novembro de 2019 – e só ter lançado o concurso público, para a “elaboração do projecto de execução, estudo de impacte ambiental e relação custo/benefício”, no valor de 700 mil euros e prazo de execução de 12 meses, mais de um ano depois, a 18 de Janeiro último.

“Temos assumido grande parte da transferência de competências (da administração central). Mas é por isto que defendo a descentralização ou a regionalização”, frisou o autarca.

De acordo com Carlos Monteiro, que citou informação que lhe foi transmitida pela APA, o concurso para elaboração do projecto e estudo de impacte ambiental “ainda está para adjudicação”. Tendo um prazo de 12 meses para ser elaborado, só estará concluído em meados de 2022, a que acrescem os procedimentos de eventual aprovação, lançamento do concurso da obra propriamente dita e adjudicação dos trabalhos, que, se tudo correr bem, só deverão começar em 2023.

Por outro lado, a candidatura da APA aprovada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), no valor de cerca de 14,5 milhões de euros (financiada a 75%, cerca de 10,9 milhões, por fundos europeus) aponta o fim da operação (a conclusão da obra) para Setembro de 2022, o que não deverá acontecer e pode por em causa os próprios fundos europeus.

“Não sei se vão pedir um adiamento (dos prazos) mas desnecessário. Às vezes, não se fazem obras por falta de dinheiro. Aqui é por falta de agilidade administrativa”, notou o presidente da Câmara.

À Lusa, fonte do POSEUR esclareceu que “podem acontecer várias situações” com candidaturas aprovadas, uma das quais o beneficiário (neste caso a APA) “informa que há um atraso e é feito um processo formal de recuperação temporal daquela operação e prolonga-se o prazo de execução da candidatura”.

No entanto, também existem situações de candidaturas aprovadas em que os fundos europeus podem ser perdidos: “Posso garantir que não atribuímos fundos se não forem apresentadas facturas para pagar a intervenção que está a ser feita. Temos candidaturas apresentadas há algum tempo e que a execução ainda é baixa, por exemplo apresentaram os projectos, mas ainda não entrou em obra, depende muito das situações. Só pagamos mediante a execução da operação na íntegra, não será pago sem ser feito o que é previsto fazer”, avisou.

“E também só vamos estar até 31 de Dezembro de 2023, porque a partir daí, acabou o POSEUR. Mas há casos muito excecionais, em fim de Quadro (comunitário de apoio), em que o beneficiário garante a operacionalidade da operação (neste caso depois de 2023)”, explicou.

A agência Lusa contactou a APA, na semana passada, pedindo informações sobre este processo, nomeadamente os prazos e quando será feita a adjudicação do estudo de impacte ambiental, mas não obteve resposta.

Em Junho de 2019, na vigência do anterior Governo, a então ministra do Mar, Ana Paula Vitorino e o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, anunciaram na Figueira da Foz um investimento de 19,4 milhões de euros para melhorar as condições de segurança e operação na entrada do porto da Figueira da Foz e, simultaneamente, combater a erosão costeira a sul.

Na altura, Ana Paula Vitorino esclareceu que a intervenção permitiria “a remoção de três milhões de metros cúbicos de dragados da zona a norte do molhe norte do porto”, areia que iria “alimentar os troços costeiros na zona sul”.

Três milhões de metros cúbicos (m3) de areia representam um valor entre os cinco e os sete milhões de toneladas (a densidade da areia molhada situa-se entre os 1700 e os 2300 quilos por m3), o que equivale a uma fila compacta de camiões com cerca de 1.500 quilómetros.

O lançamento do concurso para a elaboração do projecto e estudo de impacto ambiental (EIA) estava agendado para o mesmo ano de 2019 e os trabalhos começariam em 2020, foi então anunciado, no âmbito de uma parceria entre a APA, administração portuária local e Câmara da Figueira da Foz."

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Entre o aprofundanto do rio e a invasão há muito anunciada do mar

Ao que parece, mesmo em fim de linha, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba deixou uma grande notícia aos figueirenses: "o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano."

“É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”, sublinhou ontem no decorrer de uma reunião de câmara o presidente de câmara da Figueira da Foz, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.

Aos jornalistas, o autarca lembrou que se trata de uma obra “com dinheiro desde o período anterior à pandemia da covid-19” e que tinha sido retirado. 

“É dinheiro que volta à Figueira da Foz”, sublinhou.

O aprofundamento do canal de navegação vai permitir a atracagem de navios de maior calado no porto, que nos primeiros nove meses deste ano movimentou 1.535.500 toneladas, menos 9,1% relativamente ao período homólogo de 2022.

A intervenção prevista vai permitir a entrada de navios até 140 metros de comprimento e oito metros de calado, quando actualmente só permite a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 metros de calado.


No mesmo concelho da Figueira da Foz, uns 4 ou 5 quilómetros para sul, existe um enorme desastre ambiental, que faz andar com o "coração nas mãos", há muitos anos, os moradores da zona.

Sim estou a referir-me ao "Quinto Molhe" que, até Março, vai ser local de peregrinação dos políticos que certamente irão a andar por aí em campanha eleitoral.

Todos sabemos, que a ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.

Foi o que aconteceu,  a sul do porto da Figueira da Foz, depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros, onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos.

A obra, considerada fundamental pelas cabeças pensadoras da tutela e da comunidade portuária, visava a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.

Porém, isso não aconteceu. Os acidentes entretanto ocorridos à entrada da barra, depois de 2011, provam isso. A agravar, desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de proteção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos.


O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. Com o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial da barra, que deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano, lá irão mais uns milhões.

Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.

Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.

“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a mês de umas eleições autárquicas que se advinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.

Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.


De palpável, passados mais de dois anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.

“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.

E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.

E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024. 

Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.

Passadores de moeda falsa... "São a favor do Bypass mas votam contra a sua implementação..."
Imagem via Sos Cabedelo

Se o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, quando é que isso poderá acontecer?


Como parece que ninguém se importa com o assunto, como morador a sul do Mondego, resta-me a tristeza de constatar que a merda grossa, merda da boa, a bela cagada obrada pelos cagões da Figueira e de Lisboa, não vai ser limpa.

A enorme borrada (que a foto mostra) vai continuar a poder ser vista. 

É triste presumir que, maioritariamente,  ao votar em Março próximo, os eleitores do sul, com o seu voto, como tem acontecido, vão continuar a comprometer um bocado a possibilidade de resolução do problema, que o mesmo é dizer, vão perpetuar a enorme cagada que torna este País difícil de habitar, tal é o cheiro.

Apesar deste texto terminar um tanto ou quanto brejeiro e brincalhão, o assunto é sério.

E, sobretudo, inquietante.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Uma reportagem RTP, quase com 50 anos, que nos faz recordar que o problema da erosão costeira na Aldeia já vem de longe...

A reportagem RTP, sobre erosão costeira nas povoações de Cova e Costa de Lavos,  que podem ver clicando aqui, foca um tema que me tem acompanhado ao longo da vida.

Datada de 1 de Junho de 1974, tem uma duração de 14 minutos e 54 segundos.
Na altura, já lá vão quase 50 anos, a Cova estava ameaçada, muito devido à construção dos molhes que definiram a barra da Figueira tal como a conhecemos hoje.

No final dos anos 50, as muito pequenas profundidades do canal externo da foz do Mondego dificultavam a utilização do porto. Vários navios começaram a evitá-lo (Abecasis et al, 1962). Por forma a solucionar este problema, teve início em 1959 a construção das infra-estruturas actuais, com projecto de Carlos Krus Abecasis.
Estas consistiram em dois molhes convergentes, um a norte e outro a sul, com comprimentos respectivamente de 900m e 950m. A distância entre os centros das cabeças dos molhes fixou a largura da embocadura em 325m, ou seja, mais 25m do que fora fixado em 1929. A cabeça dos molhes ficava a cerca de 8m de profundidade abaixo da maré baixa. O molhe norte ficou concluído em 1965 (Abecasis et al, 1970).
Como consequência da implantação destas estruturas, inicia-se, a partir de 1960, um período de acentuado avanço da linha de costa, a norte da embocadura (Figura. 10.26 e 10.29 a 10.31). Este avanço resultou da acumulação de sedimentos, transportados longilitoralmente, de encontro ao molhe norte do porto da Figueira da Foz. Tais sedimentos são sobretudo provenientes da zona costeira a norte do cabo Mondego. Abecasis et al. (1992) apresentam resultados de estudos que, recorrendo à marcação de areias através de radioisótopos, permitiram verificar a existência de transporte sedimentar ao longo do Cabo Mondego.
Em contrapartida, meia dúzia de anos depois,  a sul da foz do Mondego começaram a sentir-se os primeiros efeitos da erosão, logo após a edificação dos molhes. Junto a Cova, registou-se um Estudo Sintético de Diagnóstico da Geomorfologia e da Dinâmica Sedimentar dos Troços Costeiros entre Espinho e Nazaré, registando-se um agravamento acentuado do recuo da linha de costa (Figura. 10.32), sendo inclusive apontados valores extremos de erosão da ordem dos 30m/ano em 1976 (Duarte & Reis,1992).
Os molhes, embora essenciais para recuperar o porto da Figueira, não foram suficientes, só por si, para lhe dar a operacionalidade necessária. Sempre foi necessário proceder a dragagens regulares na zona da barra, no anteporto e no canal anterior desde a povoação da Gala (no braço sul) até montante da ponte rodoviária.
Posteriormente, foram construídos dois paredões, em 1975 (Duarte & Reis, 1992) e vários molhes perpendiculares à costa, em 1977, tentando fechar o mais possível a embocadura à entrada de sedimentos provenientes da deriva litoral.
Nos anos 70 realizaram-se várias obras na bacia do Mondego, com o objectivo de reter e regularizar os caudais sólidos e líquidos, no âmbito de um vasto projecto para defesa e irrigação dos férteis terrenos desta planície aluvial, para o que era necessário, tanto quanto possível, minimizar as cheias do rio (Hidroprojecto, 1983). Estas obras tiveram como consequência uma ainda maior diminuição dos caudais do rio, deixando este de apresentar força de corrente para se opor à entrada da maré. Assim, a circulação interna do estuário tornou-se ainda mais dependente do regime mareal. Desde essa altura, até à actualidade, continuaram as múltiplas intervenções quer na bacia do Mondego, quer no estuário, as quais prosseguem nos dias de hoje.
O avanço da linha de costa a barlamar do molhe norte continuou na década de 70, ainda que em meados dessa década já só se registasse uma acreção de cerca de 2m/ano junto ao Forte de Santa Catarina, enquanto que, em Buarcos, o avanço se situava em cerca de 20m/ano (Duarte &Reis, 1992). Segundo Vicente (1990), desde 1962 até 1980, a largura da praia aumentou cerca de 440m (24,4m/ano) junto ao molhe da Figueira da Foz e cerca de 180m (10m/ano) na zona de Buarcos, tendo a área total emersa aumentado, em maré alta viva, cerca de 60ha. A partir de 1980 a posição da linha de costa tende a estabilizar, sendo inclusive registados, no final dos anos oitenta, taxas de recuo da ordem dos 3m/ano a 5m/ano (Duarte & Reis, 1992). Esta inflexão no comportamento do litoral adjacente, por barlamar, aos molhes do porto da Figueira está seguramente relacionada, pelos menos parcialmente, com as explorações de areias que Santana Lopes pôs termo na sua primeira passagem como presidente de câmara da Figueira da Foz.
Na zona a sotamar dos molhes de entrada do porto registou-se, desde o início dos anos 60, erosão costeira acelerada, nomeadamente na zona a sul do molhe sul, onde se verificou profundo corte na duna primária, a qual, segundo Castanho & Simões (1978), foi mais tarde refeita artificialmente.

Esta situação chegou a ser muito grave nos anos 70. Com efeito, nos anos a seguir à construção dos molhes (1960/65) verificou-se intensa erosão costeira, "no lanço imediatamente a sul da embocadura do rio Mondego e em outros localizados mais a sul, especialmente no lanço fronteiro à povoação de Leirosa.
Quando esta reportagem foi feita tinha eu 20 anos. Lembro-me bem, pois a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi eleita uma Comissão de Moradores e fui um dos membros.
Não foi possível salvar a casa da Guarda Fiscal. Todavia, a outra casa que aparece na reportacem foi salva graças à engenharia militar, que fez deslocar de Espinho uma brigada que teve um actação rápida e eficaz. A tal pornto que a casa ainda lá está.
Foi com os homens que apareceram na repostagem que eu aprendi a dar a atenção que os problemas da erosão costeira deveriam merecer dos figueirenses e do poder político.
A partir de 2010 mais um erro. Apesar de todos os avisos que, devido tempo, foram feitos, a que ninguém com responsabilidades, ligou. Apesar de algumas  vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
"A obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona. Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar."
Tal como este blogue previu há anos (tudo foi dito, tudo se cumpriu), depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do Mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores e a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade.

Mas essa história ja foi amplmente contada ao longo de quase 18 anos neste blogue. Quem a quiser conhecer não tem a mínima dificuldade: basta clicar aqui.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Porque o tema é a maior preocupação deste blogue ao longo de mais de 13 anos que leva de existência...

"Figueira da Foz. Erosão costeira, um problema, três dimensões diferentes"


"Desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de protecção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos, a última concluída este verão.

Em junho, o Governo anunciou a transferência, por dragagem, de três milhões de metros cúbicos (m3) de areia, de uma zona no mar a norte do molhe norte do porto da Figueira da Foz para combater a erosão das praias a sul e garantir a navegabilidade na barra do rio. O projecto, orçado em 19 milhões de euros, deverá começar em 2020 e o presidente da Câmara, Carlos Monteiro, aplaude a iniciativa.
“A areia que está a mais no canal, que está a mais na entrada do porto, é colocada para abastecer as praias a sul. Todos ganhamos e resolvemos aqui um problema que foi causado pelo porto, mas que foi causado porque a actividade portuária na nossa cidade também é extremamente importante”, disse à agência Lusa Carlos Monteiro.
O autarca enfatizou que o projecto a iniciar em 2020 “é um trabalho a quatro, cinco anos”, já que três milhões de metros cúbicos de areia representam um valor entre os cinco e os sete milhões de toneladas (a densidade da areia molhada situa-se entre os 1.700 e os 2.300 quilos por m3), o que equivale a uma fila compacta de camiões com cerca de 1.500 quilómetros.
“Mas é um trabalho para a vida, vai ter de ser um trabalho constante”, assinalou Carlos Monteiro, dizendo acreditar que, “no mínimo”, com a decisão governamental e a articulação entre ministérios, autarquia e administração portuária, “foi dado um passo incontornável para resolver um problema que se resolve da maneira mais eficiente”.
“Já ninguém permite que se usem mal os dinheiros públicos. E esta é uma situação em que ele é bem aplicado, é bem gerido”, afirmou.

O movimento SOS Cabedelo leva cerca de uma década de intervenção cívica relacionada com a questão das areias e os seus impactes, quer na erosão a sul do Mondego, quer na acumulação a norte do rio, por acção da «barreira» do molhe norte. A praia da Figueira da Foz é o maior areal urbano da Europa, continua a crescer e a afastar o mar da cidade, está “completamente soterrada” e é um “desastre ecológico” que não se resolve com a medida governamental, argumenta Miguel Figueira.
O SOS Cabedelo defende a instalação de um sistema de transferência mecânica de areias entre as margens do Mondego, conhecido por ‘bypass’, porque, de acordo com Miguel Figueira, esta solução “ataca os três problemas”: a erosão a sul, a acumulação a norte e a navegabilidade na barra do rio, por onde se faz o acesso ao porto comercial e ao porto de pesca.
Desde 2011 que o movimento pugna pela realização de um estudo económico do ‘bypass’ – recomendação ao Governo aprovada no Parlamento em 2017 -, tendo este ano sido lançado um concurso público para uma análise custo/benefício daquele sistema face a outros, como as dragagens, orçado em cerca de 300 mil euros.
Apesar de o concurso estar lançado, Miguel Figueira não deixa de criticar o anúncio do investimento de 19 milhões de euros na transferência de três milhões de metros cúbicos de areia, que, defende, “não garante sustentabilidade absolutamente nenhuma” a longo prazo, clamando que “é duas vezes má despesa”.
“Estamos a pagar uma análise de custo/beneficio depois de fazer o investimento. E depois de fazer o investimento, se calhar já não há dinheiro para por em prática as conclusões do estudo. Mais uma vez, adiámos por um ou dois anos um problema e neste adiamento esgotámos a verba que nos permitiria garantir a sustentabilidade a longo prazo”, argumentou.
O extenso areal urbano localizado entre o molhe norte e a vila piscatória de Buarcos tem 110 hectares (o equivalente a 154 relvados de futebol), o que significa que metade da cidade caberia na praia.
A quantidade de areia ali depositada nunca foi medida – a praia tem vários metros de altura a nascente e a sul, mas essa altura não é uniforme ao longo do areal – sabendo-se, apenas, que a distância da avenida ao mar ultrapassa os 700 metros no seu ponto mais largo e continua a aumentar.
Eurico Gonçalves
O surfista e elemento do SOS Cabedelo, Eurico Gonçalves, olha para o extenso areal e diz acreditar que “o maior tesouro, o tesouro do surf, está soterrado na Figueira da Foz”, escondido pela areia e que é uma “inevitabilidade” que reapareça.
O tesouro, explica o surfista, é a onda que “quebrava” na praia antes da implementação dos molhes portuários, na década de 1960 e que terá sido surfada, vinte anos antes, por um figueirense, Nunes Fernandes, construtor da primeira prancha de surf na Europa, de acordo com os registos existentes.
“Acreditamos mesmo que é uma inevitabilidade retirar toda aquela areia, [da praia], temos de usar aqueles sedimentos na protecção da orla costeira”, defendeu Eurico Gonçalves.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

SOS Cabedelo (e outros) anda há muito a alertar para os problemas da erosão a sul do Mondego


Conforme provam as imagens - e muitos exemplos podem ser conferidos aqui -  as preocupações do SOS Cabedelo, assim como as de mais alguns, com a problemática da erosão a sul do estuário do Mondego, já vêm de muito longe e os alertas e avisos aconteceram antes das obras.
Portanto, essa conversa de "treinadores de bancada" pode servir para tudo, menos neste caso em concreto. A cidadania, arrostando até com ameaças, cumpriu o seu papel. Se, quem de direito, ignorou o contributo dos cidadãos, isso não é culpa de quem tentou evitar este atentado ambiental. 
Continuando a cumprir o seu papel, mais uma vez, "o movimento cívico SOS Cabedelo, da Figueira da Foz, alertou para o risco em que se encontram as praias da costa sul do concelho na madrugada face à previsão de forte agitação marítima para hoje, conjugada com a maré alta que foi às 02H36 da madrugada e volta a registar-se às14H57."
Citando a edição de hoje do Diário as Beiras.
"Estão previstas ondas de seis a 11 metros, disse ontem, na reunião da câmara, o presidente Pedro Santana Lopes, que foi ontem ao terreno de forma preventiva, tendo contactado, ontem, Pimenta Machado, vice-presidente da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), juntas de freguesia daquela área e a proteção civil. 
Em declarações à agência Lusa, Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, deu conta de que as previsões para o estado do mar indiciam uma situação preocupante, que vai afetar as praias do Cabedelo, Cova-Gala, Leirosa e Costa de Lavos. Miguel Figueira lamentou que as praias da costa sul da Figueira da Foz estejam “vulneráveis e desprotegidas” para resistir a fenómenos normais do mar.
Uma política que “vê o mar como inimigo” 
“Estamos fartos desta política costeira, que vê o mar como inimigo e se apronta a atirar-lhes com pedra. A única maneira que temos de fazer proteção costeira é perceber como o mar funciona e trabalhar com ele”, sublinhou. No caso do Cabedelo, cuja intervenção o movimento SOS contesta desde a sua execução, Miguel Figueira defendeu que os galgamentos vão continuar a existir enquanto não for colocada areia à frente da duna primária. 
Críticas também dirigidas à APA
 “A APA deu cobertura a uma intervenção nunca vista em lado nenhum, ao meter areia atrás da duna, que não faz nada, pois tem de ser colocada na praia à frente da duna”, explicou. O SOS Cabedelo tem defendido a construção de um bypass, que faça transferências contínuas de areia, “para que a praia esteja bem nutrida e a dissipação de energias (do mar) se faça muito antes do mar atacar a duna primária”
Outro dos pontos críticos apontados por Miguel Figueira é a praia da Cova- -Gala, que sofreu “intervenções erradas há muitos anos” e que devia receber alimentações de areia no fim do verão, que já não são efetuadas desde 2019. 
O problema da erosão costeira tem sido uma temática bastante discutida na Figueira da Foz, tendo-se realizado no dia 15 uma sessão de esclarecimento com a APA sobre as intervenções previstas para o concelho. Na reunião, o presidente da câmara exigiu celeridade nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou com formas de luta se os processos não avançarem."

Tudo foi dito e escrito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar... Resta-nos a promessa dos paquetes de passageiros e os números das toneladas dos cargueiros...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O momento não está para politiquices: a erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério...

"Tempestade Doris: estes são os efeitos da tempestade que afectou a costa portuguesa nos últimos dias na Cova-Gala, na parte sul da Freguesia de São Pedro. Os acessos à praia foram em parte destruídos. O mar voltou a romper o cordão dunar e a invadir o pinhal. A situação a Sul da Freguesia de S.Pedro continua bastante preocupante."  
- Via Pedro Agostinho CruzPara ver melhor, clicar na imagem.

A praia da Figueira da Foz, o maior areal urbano do país, está a crescer, em média, 40 metros por ano, devido ao prolongamento do molhe norte do rio Mondego, afirmou um investigador do movimento das areias.
José Nunes André, geógrafo e investigador universitário, tem vindo a monitorizar a acumulação de sedimentos através de três perfis transversais, elaborados numa faixa de dois quilómetros de comprimento no areal entre a Figueira da Foz e Buarcos. "Tem dado uma média de 40 metros ao ano de crescimento da praia. E a sul [dos molhes do porto] temos o reverso da medalha, as praias estão a recuar assustadoramente. As praias da Cova Gala e da Leirosa recuaram 15 metros num ano".
De acordo com o investigador, o ritmo de crescimento do areal da Figueira da Foz é, actualmente, superior ao verificado aquando da construção original do molhe norte, nos anos 60 do século passado. A praia, cresceu cerca de 440 metros até à década de 1980 e, a partir daí, nos últimos 30 anos, a acumulação de sedimentos reduziu de intensidade e praticamente estabilizou. No entanto, com a obra de prolongamento do molhe - concluída no verão de 2010 -, o areal continuou a crescer, segundo as medições feitas por José André. 

Claude Chabrol, disse um dia o seguinte: "a estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência, pois a inteligência tem os seus limites... Mas a estupidez não!" 
O meu Amigo Manuel Luís Pata, farta-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 14 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra"
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".

E não foi por falta de avisos.
Extracto de uma carta, publicada no dia 26 de Março de 2007, no “Diário de Coimbra”, pág. 8, na secção Fala o Leitor, com o título: “Erosão das Praias”:
"Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “ Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “Molhe Norte”, como obra milagrosa… Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!.. Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!...
É urgente contratar técnicos credenciados, de preferência Holandeses, para analisarem o precioso projecto elaborado pelo distinto Engenheiro Baldaque da Silva em 1913, do qual consta um Paredão a partir do cabo Mondego em direcção a Sul, a fim de construir um Porto Oceânico junto ao Cabo Mondego e Buarcos. Este Paredão, sim, será a única obra credível, não já para o tal Porto Oceânico mas sim para evitar que as areias vindas do Norte, se depositem na enseada, que depois a sucessiva ondulação arrasta-as e deposita-as na praia da Figueira, barra e rio."


Hoje, nas páginas do jornal AS BEIRAS, o SOS Cabedelo,  deixa alertas sobre as consequências do prolongamento do molhe norte e convida  os partidos a despertaram para a necessidade de se estudar a solução proposta por este movimento cívico que acredita que passa por uma realidade chamada bypass.
“Aquilo que se recomenda é que se elabore um estudo para se escolher a melhor solução”, sublinha Eurico Gonçalves, para quem “a esperança é a última a morrer”.  
“Se não for agora, será mais tarde, mas parte da areia do areal da Figueira da Foz vai ter de sair dali, porque ela não pertence àquele local”
E se das mais recentes diligências não sair uma solução? 
“Se daqui nada resultar, quem sabe o Presidente da República possa ajudar… Mas acreditamos que deverá ser desta que o problema vai ser encarado de frente”, respondeu Eurico Gonçalves.
Entretanto, o areal urbano não para de crescer. Neste momento, o mar encontra-se a cerca de 850 metros da avenida, tendo aumentado para o dobro desde o prolongamento do molhe norte.

Voltando ao senhor Manuel Luís Pata, também sempre uma das vozes discordantes do prolongamento do molhe norte.
Um dia, já distante, em finais de janeiro de 2008,  confessou-me: "ninguém ouve".
Recordo algumas frases de Pinheiro Marques numa entrevista dada à Voz da Figueira em 26 de Novembro de 2008 : “os litorais da Cova-Gala, Costa de Lavos e Leirosa vão sofrer uma erosão costeira muitíssimo maior, com o mar a ameaçar as casas das pessoas e o próprio Hospital Distrital”.
“Devido à orientação obliqua do molhe norte, os barcos pequenos, as embarcações de pesca e ao iates de recreio, vão ter de se expor ao mar de través. Poderá vir a ser uma situação desastrosa para os pescadores e os iatistas e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio”.

Não podemos esquecer  11 de abril de 2008, uma sexta-feira.
O prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado nesse dia, um ano depois do lançamento do concurso público que sofreu reclamações dos concorrentes e atrasos na análise das propostas.
A obra, apesar dos vários alertas feitos em devido tempo e, agora, a realidade, continua a ser considerada fundamental pela tutela e comunidade portuária para a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.
Cerca de 9 anos depois de concluída a obra, a barra, para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada. 
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que é alarmante: o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

By pass: este foi o tempo certo para anunciar o estudo de viabilidade. Vamos ver quando é o tempo para o transformar em projecto...

O Governo antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro. O documento foi apresentado ontem.
Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
Um estudo no valor de cem mil euros contra os milhões constantes que se despendem em dragagens.
Em Setembro de 2018,  a Vereadora Ana Carvalho não só não se mostrou muito preocupada com a situação como até afirmou: "não sou grande defensora dessa solução". 

Mais vale tarde do que nunca, diz o Povo. A pouco mais de um mês da realização das eleições de 26 de Setembro de 2021, o ministro do Ambiente assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada, e será realizada. “Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, disse à agência Lusa João Pedro Matos Fernandes.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado na manhã de ontem pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
O estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. “Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, frisou o ministro, em declarações à margem da sessão.
O sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz, será o primeiro em Portugal e idêntico a um outro instalado na Costa de Ouro (Gold Coast) australiana. É constituído por um pontão, com vários pontos de bombagem fixa que sugam areia e água a norte e as fazem passar para a margem sul por uma tubagem instalada por debaixo do leito do rio Mondego. A tubagem estende-se, depois, para sul, com vários pontos de saída dos sedimentos recolhidos, que serão depositados directamente nas praias afectadas pela erosão.
A opção de avançar para a construção de um bypass é, para o presidente da Câmara, uma solução que permite “tranquilidade e esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz”. Carlos Monteiro argumentou que uma proposta a longo prazo “não é frequente” em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, por aquilo que considera ser um gesto com “visão”.
Carlos Monteiro pediu que o estudo e apresentado seja “avaliado o mais depressa possível” e que o projecto “seja desenvolvido”. Mas disse esperar, “fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser”, frisou o presidente da Câmara. Até lá, lembrou, o problema da erosão da costa a sul do porto da Figueira vai a ser mitigado, até 2023, com o abastecimento de três milhões de metros cúbicos de areia, retirados do mar a norte do molhe norte.
Já o arquitecto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, manifestou-se agradado com a decisão de se optar pelo bypass. “Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas sobre os impactes”, notou.
O ministro do Ambiente recordou a primeira vez que ouviu falar “ao vivo” da hipótese do bypass na Figueira da Foz e lembrou o “ar zangado” do arquiteto “cheio de certezas absolutas”, quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo. “Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui”, frisou Matos Fernandes.

Espero, sinceramente, que tudo seja mais do que uma mera jogada de propaganda eleitoral.
"A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Escrevemos isto em aqui no OUTRA MARGEM em 11 de Dezembro de 2006. Infelizmente, continua cada vez actual.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O tempo certo para anunciar foi ontem. Vamos ver quando é o tempo para o transformar em projecto...

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

As Pessoas e as coisas

"Foi anunciado pelo Governo, na semana passada o Plano de Ação Litoral XXI. Um instrumento de política de ordenamento da orla costeira que vai consignar para 2018, entre verbas do Orçamento de Estado e verbas comunitárias, 60 milhões de euros para acções e intervenções no litoral, que visam lutar contra a erosão costeira, prevenir o impacto das alterações climáticas e proteger cidadãos e bens em risco. Um plano de acção por definição envolve diferentes níveis de actuação das políticas públicas, o nacional, o regional e o local, deve coresponsabilizar os diferentes intervenientes na gestão costeira na prossecução e aplicação das políticas, deve reunir e envolver os diferentes actores e por fim disponibilizar os meios financeiros necessários à execução das intervenções necessárias. Ora veio a público na discussão política local a renovação ou cessação da concessão do parque de campismo do Cabedelo. Referiram-se vagamente planos de regeneração urbana, intenções de investimento na reabilitação da zona do Cabedelo, preocupações com o desenvolvimento da modalidade do surf… mas nem uma palavra da edilidade sobre o anunciado Programa e as possíveis intervenções nele inscritas para o litoral figueirense… Pois… “Falam, falam, mas não dizem nada!”. E a sul da foz do Mondego falta a areia, falta orientação, falta atenção, falta carinho na protecção… mas falta sobretudo uma genuína preocupação que leva à emergência da acção!"

Nota de rodapé.
No tempo que passa,  há uma tendência para nos fecharmos e não mostrarmos aos outros o que nos vai na alma.
A desconfiança, em relação aos políticos, generalizou-se.
A actuação dos políticos desumanizou-se.
Atente-se na actuação  do presidente Ataíde no caso concrecto da chamada requalificação do Cabedelo.
A sensibilidade, a atenção e o carinho, para quem nos governa, não se coaduna com a competitividade, pura e dura, que  é exigida para a sobrevivência dos políticos, nesta selva em que querem transformar o nosso viver.
É muito gratificante ler, para quem vive a sul do Mondego, onde "falta areia, falta orientação, falta atenção, falta carinho na protecção… mas falta sobretudo uma genuína preocupação que leva à emergência da acção!"
Ao ler este trecho da crónica acima, escrita pela Isabel Maranha Cardoso, hoje publicada no jornal AS BEIRAS, como morador a sul da foz do Mondego, senti-me uma Pessoa
Quando analiso a actuação do presidente Ataíde, como morador a sul da foz do Mondego, portanto, nesta outra margem, sinto-me uma coisa.
Não tenho nada contra as coisas. As pessoas, estão nas coisas que amo.
Não amo o que compro, pois ninguém ama aquilo de que precisa e apenas o utiliza.
É isso o que o presidente Ataíde tem andado a fazer com o Cabedelo: como precisa dele, apenas o utiliza
Basta, para quem tem acompanhado, ter verificado esta "estória" verdadeiramente recambolesca dos projectos (que estão a sempre mudar...), que ainda estão em projecto...
As pessoas senhor presidente Ataíde, não são utilizáveis e descartáveis, embora haja formas de governar, não humanas, que cinicamente o põem em prática.
Entretanto, a erosão a sul do quinto molhe vai fazendo o seu caminho...
Mas, será que o problema da erosão a sul pode continuar esperar?.. 
Depois não digam que foram apanhados de surpresa...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A erosão a sul pode esperar?.. Depois não digam que foram apanhados de surpresa...

Aquilo que há muito temia está a confirmar-se: a situação, preocupante e perigosa, da orla costeira a sul do quinto molhe, na orla costeira da freguesia de S. Pedro continua a ser branqueada e mal avaliada pelos órgãos de informação e por quem de direito – poder local e central.  
Hoje, porém, já não se consegue esconder aquilo que está à frente dos olhos de toda a gente.  A  intervenção humana tem vindo a acelerar a erosão costeira da duna, a sul do 5º. Molhe entre o 5º. Molhe e a Costa de Lavos e a duna, naquele local, desapareceu. 
E isso era perfeitamente previsível: o Laboratório de Engenharia Civil previu isso mesmo nos anos 60 do século passado.
Numa sessão pública realizada em março, na Junta de Freguesia de S. Pedro, promovido pelo Bloco de Esquerda, o dr. Filipe Duarte Santos (Grupo de Trabalho da Orla Costeira) considerou que a melhor solução para a defesa da orla costeira é repor a praia. No caso da nossa freguesia passa por “transportar” a areia da praia da Figueira, retida pelo molhe norte – problema que os 400 metros construídos na última intervenção agravaram – para as praias de S. Pedro. 
Hoje, é notícia de primeira página no jornal AS BEIRAS, algo que  vai inviabilizar a defesa e protecção das praias a sul: a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) aprovou o projecto de requalificação do areal urbano, apresentado pela Câmara da Figueira da Foz. 
Numa primeira fase, a autarquia vai construir uma pista de atletismo, uma via mista para ciclistas e peões, um novo parque de skate, reformular o sistema de passadiços de madeira e reabilitar os espaços desportivos. As valas de Buarcos e da Ponte do Galante vão ser soterradas. As obras do projecto global de requalificação do extenso areal deverão arrancar até ao final do ano, prevendo-se que fiquem concluídas dentro de 12 meses. Têm um orçamento de dois milhões de euros, que a autarquia vai buscar ao Turismo de Portugal, que acumula verbas das contrapartidas da zona de jogo. A intervenção tem como eixo fundamental a via clicável e pedonal, que vai dividir o areal urbano em duas partes – a antepraia e a zona de banhos. O “Anel das artes”, um anfiteatro redondo, bem como outras propostas recentemente apresentadas pela autarquia, na sequência da reformulação do projecto vencedor do concurso de ideias que lançou no anterior mandato, ficam para uma fase posterior. 
É fácil de deduzir, portanto, que o problema da erosão a sul da barra do Mondego terá de esperar... 
Esperemos é que haja tempo. Depois, não digam que não foram avisados. Aproveito para recordar o que me tem dito ao longo dos anos o velho e experiente Manuel Luís Pata, nas inúmeras e enriquecedoras conversas que ao longo da vida com ele tenho tido:  “a Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. Na sua opinião, a única obra do homem  de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..”

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

"Nem o patrão vem, nem a gente almoça"...

"Desde o prolongamento  em 400 metros do molhe  norte do porto comercial,  um investimento de 14,6  milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas  praias a sul acentuou-se,  com destruição da duna  de proteção costeira em  vários locais, com especial  ênfase na praia da Cova..."
Diário as Beiras, edição de 4 de Agosto de 2021.

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridade

Continua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez.

Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência, a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. Especialmente, uma zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial... Foi o que aconteceu, neste caso.
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicada ao longo de ais de 15 anos, prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.
Sofremos ataques de personagens que passaram pelo poder local figueirense... Infelizmente, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar está a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.
E não o fazemos, nem nunca o faremos, por haver campanhas eleitorais. Sejam elas presidenciais, legislativas ou autárquicas. 

Infelizmente, a realidade está à vista. Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Erosão costeira a sul da freguesia de S. Pedro esta manhã...

A foto desta manhã de Pedro Agostinho Cruz, dispensa  as palavras...
Tudo, por aqui,  foi dito ao longo dos anos e pode ser consultado... 
Para ver melhor a dimensão desta catástrofe ambiental, é só clicar na imagem.

Em tempo.

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006, já lá vão quase dez anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridadeContinua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez.

Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. Especialmente, uma zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicada ao longo de quase dez anos prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.
Sofremos ataques de personagens que passaram pelo poder local figueirense... Infelizmente, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar está a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...